OS PIOLHOS DO PONTAL
"Mesmo em Agosto, o PSD prossegue o exaltante turbilhão interno entre "bases" e "barões", ou "populistas" e "elites". O mais recente episódio teve como pretexto a festa do Pontal, a que a dra. Ferreira Leite não foi e a que, na opinião dos seus adversários, devia ter ido.
Peço licença para uma pergunta: fazer o quê? É verdade que os contestatários da actual liderança atribuem desmesurada importância ao evento e fartaram-se de avançar razões. Na opinião de Santana Lopes, o Pontal "é eminentemente popular" e "faz parte da tradição 'laranja'". Ângelo Correia decidiu que se trata de "uma festa de expressão nacional". E o poeta algarvio Mendes Bota recorre à terminologia lírica para explicar que o Pontal é "uma marca com créditos firmados no mercado" e que "isto já não é o Pontal do pó, não é uma festa pirosa, nem piolhosa". Em suma, devidamente desparasitado, o PSD festivo acusa a circunspecta direcção de, volto a citar o inevitável Bota, ter "vergonha de estar na rua com o povo."
Na rua, talvez. Com o povo, é discutível. Duas dúzias de camionetas repletas de desgraçados, atraídos por um passeio pelintra, umas cantorias pelintras e, em situações terminais, uns discursos indescritíveis, não representam exactamente o povo: representam um certo país crédulo e dolorosamente anedótico, do qual os partidos abusaram anos a fio, e que, se ainda não é um anacronismo, também já não constitui a triste regra de outros tempos.
Hoje, é ao fugir do comício do PSD no Pontal, aliás realizado na Quarteira e aliás realizado contra o PSD, que Manuela Ferreira Leite entra em sintonia com o povo. Em Agosto, o povo não quer política, mesmo que ruidosa e garrida. De resto, se a perspectiva não for demasiado optimista, é possível que o povo não suspire por política em qualquer altura do ano. Do alto da sua rigorosa mudez, que começou antes das férias e muito provavelmente se prolongará para além delas, é nessa possibilidade que a dra. Ferreira Leite confia. Não sei se é assim que o PSD caminha para a famosa credibilidade. Mas é assim que o PSD "oficial" corre desenfreadamente para o silêncio, o que, não sendo a salvação da pátria, pelo menos contribui para o respectivo sossego. "
Alberto Gonçalves
Peço licença para uma pergunta: fazer o quê? É verdade que os contestatários da actual liderança atribuem desmesurada importância ao evento e fartaram-se de avançar razões. Na opinião de Santana Lopes, o Pontal "é eminentemente popular" e "faz parte da tradição 'laranja'". Ângelo Correia decidiu que se trata de "uma festa de expressão nacional". E o poeta algarvio Mendes Bota recorre à terminologia lírica para explicar que o Pontal é "uma marca com créditos firmados no mercado" e que "isto já não é o Pontal do pó, não é uma festa pirosa, nem piolhosa". Em suma, devidamente desparasitado, o PSD festivo acusa a circunspecta direcção de, volto a citar o inevitável Bota, ter "vergonha de estar na rua com o povo."
Na rua, talvez. Com o povo, é discutível. Duas dúzias de camionetas repletas de desgraçados, atraídos por um passeio pelintra, umas cantorias pelintras e, em situações terminais, uns discursos indescritíveis, não representam exactamente o povo: representam um certo país crédulo e dolorosamente anedótico, do qual os partidos abusaram anos a fio, e que, se ainda não é um anacronismo, também já não constitui a triste regra de outros tempos.
Hoje, é ao fugir do comício do PSD no Pontal, aliás realizado na Quarteira e aliás realizado contra o PSD, que Manuela Ferreira Leite entra em sintonia com o povo. Em Agosto, o povo não quer política, mesmo que ruidosa e garrida. De resto, se a perspectiva não for demasiado optimista, é possível que o povo não suspire por política em qualquer altura do ano. Do alto da sua rigorosa mudez, que começou antes das férias e muito provavelmente se prolongará para além delas, é nessa possibilidade que a dra. Ferreira Leite confia. Não sei se é assim que o PSD caminha para a famosa credibilidade. Mas é assim que o PSD "oficial" corre desenfreadamente para o silêncio, o que, não sendo a salvação da pátria, pelo menos contribui para o respectivo sossego. "
Alberto Gonçalves
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