domingo, agosto 24, 2008

É urgente travar o crime

"Tendo em conta dados estatísticos que asseguram que não há hoje mais criminalidade violenta do que há um ano atrás, convenci-me de que estas ondas de assaltos são epifenómenos com tendência a esbater-se. Agora, já não tenho essa opinião. Não há jornal que não traga em destaque acções criminosas de diverso tipo, a ocorrer diariamente, sendo cada vez mais sofisticados os métodos e os meios usados pelos criminosos. Os assaltantes mostram uma tal ousadia que nenhum património está protegido.

Semana sim, semana não, um banco é assaltado, há dois dias uma carrinha blindada foi abalroada por especialistas que usavam armas automáticas e explosivos, um assalto a ourivesaria em Setúbal terminou com a morte do proprietário, ontem, uma bomba de gasolina teve sorte semelhante, caixas de multibanco, em todos os lugares, até na entrada de tribunais, são arrancadas com enorme aparato, quase todas as semanas... e tudo isto é uma gota de água no oceano, porque os assaltos de esticão, a entrada em casas particulares, o carjacking são o pão de cada dia.

Ou seja, o País desenvolveu uma casta de criminosos, alguns ‘com estágio’ nas capitais do crime, uns são nacionais, outros importados e sem trabalho, que começo a ficar com a ideia de que as polícias não conseguem dar conta do recado. São muitos gangs, usam armas sofisticadas, actuam em todos os cenários, têm ‘serviços’ de informações eficazes, são invulgarmente violentos e começam a provocar o medo nas populações, de norte a sul do País.

Certamente, as autoridades têm um diagnóstico perfeito da situação, mas não se nota a eficácia das suas decisões, porque o crime em vez de diminuir aumenta. Isto exige a intervenção ousada do Governo, para evitar que o País se transforme num paraíso para a ‘fina flor do crime’. Há muitas razões para explicar esta criminalidade em catadupa. Umas decorrem da situação económica do País, do desemprego, etc. Mas outras são mesmo a entrada de ‘catedráticos’ do crime que vêm cá fazer uns assaltos em tempo de férias. A polícia portuguesa é muito qualificada, mas desconfio de que chegue para as encomendas. Cruzo-me nas ruas de Lisboa com muitas viaturas da PSP e da Polícia Municipal (na caça à multa), mas não me sai da cabeça que, há uns meses atrás, um cidadão fugia de um grupo enfurecido e se refugiou numa esquadra da polícia.

Como só havia um elemento de serviço, o cidadão foi espancado dentro da esquadra. Há qualquer coisa que não está a correr bem. É preciso agir com firmeza para travar estes crimes. Quanto mais rápido melhor. Lisboa não pode ser a cidade mais insegura da Europa
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Emídio Rangel

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