22 de Agosto de 1415
As causas e origens da conquista de Ceuta não são hoje suficientemente claras: uma das razões, a Causa Bélica, teria sido a oportunidade dos infantes (D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique) serem armados cavaleiros por um feito de guerra. Outras, a Causa Religiosa, defendida por historiadores como Joaquim Bensaúde (1859-1951), viram na figura do infante D. Henrique um símbolo do espírito de cruzada, defendendo ter havido na génese da expansão um zelo religioso; Outra, a Causa Política, talvez a ameaça castelhana constante sobre a cidade, defendida por historiadores como Jaime Cortesão (1884-1960), que realçava o desejo da antecipação a Castela na expansão para Africa norte. Estes motivos não são incompatíveis com a Causa Económica, defendida por António Sérgio (1883-1969) e, mais recentemente, Vitorino Magalhães Godinho: Ceuta era uma cidade rica e teriam sido levados pela burguesia comercial, que queria canalizar para Lisboa o tráfego do Mediterrâneo ocidental feito por aquela cidade. Para se informar de todos os pormenores da cidade, D. João I enviou à Sicília dois embaixadores com o pretexto de pedirem a mão da rainha para o infante D. Pedro; estes na passagem colheram todas as informações sobre Ceuta.
Causas económicas: situação geográfica de Ceuta permitia controlar a entrada e saída do estreito de Gibraltar, dos navios que vinham do Atlântico para o Mediterrâneo e vice-versa. Religiosas: expandir a fé cristã, aumentar os territórios onde existia o Cristianismo Sociais: as classes sociais mais abastadas tinham vários interesses nesta conquista - a nobreza queria terras, honras e rendas; o clero queria expandir a fé cristã; e a burguesia queria novos produtos e mercados. Económicas: Portugal tinha falta de trigo, ouro, especiarias. Conquistando a Praça de Ceuta iríamos conquistar uma cidade onde afluíam os produtos orientais vindos da Índia pelas Rotas Caravaneiras do Sahara e traziam ouro, especiarias, etc. Nos arredores de Ceuta existia uma grande produção de trigo. Políticas: o aumento da importância de Portugal no Mundo e a possibilidade de se unir com Castela e governar toda a Península Ibérica.
Um exército de cerca de
Deixando ficar o conde de Viana, D. Pedro de Meneses, o rei, os infantes e o resto da frota regressaram a Lisboa em Setembro, tendo permanecido durante treze dias
As expectativas que existiam em relação aos benefícios da conquista de Ceuta não se confirmaram. Pode-se mesmo afirmar que sob o ponto de vista económico o domínio de cidade de Ceuta foi um fracasso. De facto, as rotas comerciais que afluíam à cidade foram desviadas para outras cidades pelos muçulmanos. Por outro lado, o estado de guerra constante impedia o cultivo dos campos e a produção de cereais. A situação agravava-se devido às elevadas despesas militares para manutenção desta praça africana. Chegou a colocar-se entre os membros da Corte a hipótese de abandonar a cidade de Ceuta. O Infante D. Pedro, em carta ao seu irmão, afirmava mais tarde: “Ceuta é um grande sorvedouro de gente e dinheiro”.
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