O “fim da boa vida” ou o habitual?
A actual crise parece ter trazido um novo chavão: “A boa vida acabou”. Será assim?
Um pouco de história para se poder comparar as duas crises (1929 e 2008).
Os “loucos” anos 20 (1923 – 1929), uma “Grande Ilusão”...
Na década de 1920, a economia americana estava em plena expansão. As cidades cresciam por todo o território americano. 0 motor principal do crescimento industrial era as fábricas de automóveis. A Ford e a General Motors fabricavam mais de 1 milhão de carros por ano. Isso estimula o crescimento de siderúrgicas, metalúrgicas, fábricas de pneus, vidros e derivados. A produção em massa na indústria americana abrangeu também novos produtos, que, aos poucos, foram ganhando destaque na vida moderna. Na década de 1920, milhões de geladeiras, fogões, rádios e gramofones saíam das linhas de montagem. Esses produtos já existiam anteriormente, mas, com a massificação, ficaram ao alcance das famílias de classe média.
Entretanto a prosperidade americana apresentava pontos fracos. Um deles era a enorme concentração do rendimento. Durante a década de 1920, a prosperidade fez os ricos ficar mais ricos e os pobres mais pobres. O rendimento concentrou-se nas mãos dos grandes industriais, banqueiros e negociantes. A economia era controlada pelas grandes empresas que elevavam artificialmente os preços e baixavam os salários. Para os capitalistas, isso era bom, mas para a economia tal era péssimo pois a capacidade de consumo da população e, consequentemente, a possibilidade de venda dos empresários diminuía.
A Quinta-feira Negra de Outubro de 1929. Adeus ilusões...
No segundo semestre de 1929 os problemas já eram bastante visíveis. A produção das fábricas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A concentração de rendimento na sociedade americana, entre outros efeitos, diminuía o consumo. Entretanto as indústrias europeias voltavam a produzir num ritmo acelerado. Consequentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos. Nasceu, assim, um processo de superprodução, provocando a queda dos preços e do lucro empresarial. Todos passaram a ter medo de investir. Os empresários chegaram ao ponto de evitar aplicar mais dinheiro nas suas fábricas. Resultado: milhares delas fecharam as portas e despediram os empregados. 0 desemprego atingiu milhões de trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. 0 mercado restringiu-se. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o sector de serviços, alastrando-se por toda a economia.
Em virtude da enorme importância da economia americana na economia mundial, a crise logo atingiu outros países. Rapidamente os empréstimos e investimentos americanos foram retirados do continente europeu. Para a Europa, nada poderia ser pior. A Crise levou à falência as instituições bancárias norte-americanas e europeias, uma vez que os bancos norte-americanos repatriaram seus capitais investidos e cessaram de abrir crédito aos países estrangeiros Na Áustria, o principal banco faliu. Na Alemanha, o povo com medo da inflação, correu aos bancos para retirar dinheiro e o guardar em casa.
Crises cíclicas:
Em todos os períodos da História o capitalismo tem sofrido crises. Antes do século XVIII as crises, de um modo geral, afectavam normalmente o sector agrário, sendo caracterizadas pela carência, escassez de alimentos e outros artigos necessários, cujos preços, consequentemente, se elevavam. Mas com o advento do modo de Produção Capitalista houve uma mudança de tipo dessas crises, deixando de haver escassez, mas sim superabundância, e os preços, ao invés de subirem, decaem, com grande aumento de stocks, grandes quebras na procura que provocam falências, desemprego, destruição dos stocks … Além disso, estas crises ocorriam e ocorrem em cadeia, dada a interdependência dos produtos económicos. Nunca atingiram apenas um sector, mas toda a sociedade, dada a interligação da economia com a política. Esses períodos de crise coincidiram sempre com fases de recessão demográfica, aumento da criminalidade e da marginalidade, agitação social intensa (greves, atentados, revoluções) e conflitualidade entre as nações dado as ligações económicas existentes entre os países serem mais intensas desde o início do capitalismo.
A crise de 1929 apresentou uma tal dimensão e violência à escala mundial que o capitalismo liberal foi posto em causa. John Keynes chamou a atenção para a necessidade de combater o desemprego para solucionar a crise. Os estados foram chamados a intervir na economia: investimentos públicos para combater o desemprego, auxílio às empresas em risco…
O capitalismo do século XX passou a manifestar crises que se repetem a intervalos. O período que as separam tornou-se progressivamente mais curtas. O desemprego, as crises nos balanços de pagamentos, a inflação, a instabilidade do sistema monetário internacional e o aumento da concorrência entre os grandes competidores (entre outros factores) caracterizam as chamadas crises cíclicas do sistema capitalista.
Um pouco de história para se poder comparar as duas crises (1929 e 2008).
Os “loucos” anos 20 (1923 – 1929), uma “Grande Ilusão”...
Na década de 1920, a economia americana estava em plena expansão. As cidades cresciam por todo o território americano. 0 motor principal do crescimento industrial era as fábricas de automóveis. A Ford e a General Motors fabricavam mais de 1 milhão de carros por ano. Isso estimula o crescimento de siderúrgicas, metalúrgicas, fábricas de pneus, vidros e derivados. A produção em massa na indústria americana abrangeu também novos produtos, que, aos poucos, foram ganhando destaque na vida moderna. Na década de 1920, milhões de geladeiras, fogões, rádios e gramofones saíam das linhas de montagem. Esses produtos já existiam anteriormente, mas, com a massificação, ficaram ao alcance das famílias de classe média.
Entretanto a prosperidade americana apresentava pontos fracos. Um deles era a enorme concentração do rendimento. Durante a década de 1920, a prosperidade fez os ricos ficar mais ricos e os pobres mais pobres. O rendimento concentrou-se nas mãos dos grandes industriais, banqueiros e negociantes. A economia era controlada pelas grandes empresas que elevavam artificialmente os preços e baixavam os salários. Para os capitalistas, isso era bom, mas para a economia tal era péssimo pois a capacidade de consumo da população e, consequentemente, a possibilidade de venda dos empresários diminuía.
A Quinta-feira Negra de Outubro de 1929. Adeus ilusões...
No segundo semestre de 1929 os problemas já eram bastante visíveis. A produção das fábricas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A concentração de rendimento na sociedade americana, entre outros efeitos, diminuía o consumo. Entretanto as indústrias europeias voltavam a produzir num ritmo acelerado. Consequentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos. Nasceu, assim, um processo de superprodução, provocando a queda dos preços e do lucro empresarial. Todos passaram a ter medo de investir. Os empresários chegaram ao ponto de evitar aplicar mais dinheiro nas suas fábricas. Resultado: milhares delas fecharam as portas e despediram os empregados. 0 desemprego atingiu milhões de trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. 0 mercado restringiu-se. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o sector de serviços, alastrando-se por toda a economia.
Em virtude da enorme importância da economia americana na economia mundial, a crise logo atingiu outros países. Rapidamente os empréstimos e investimentos americanos foram retirados do continente europeu. Para a Europa, nada poderia ser pior. A Crise levou à falência as instituições bancárias norte-americanas e europeias, uma vez que os bancos norte-americanos repatriaram seus capitais investidos e cessaram de abrir crédito aos países estrangeiros Na Áustria, o principal banco faliu. Na Alemanha, o povo com medo da inflação, correu aos bancos para retirar dinheiro e o guardar em casa.
Crises cíclicas:
Em todos os períodos da História o capitalismo tem sofrido crises. Antes do século XVIII as crises, de um modo geral, afectavam normalmente o sector agrário, sendo caracterizadas pela carência, escassez de alimentos e outros artigos necessários, cujos preços, consequentemente, se elevavam. Mas com o advento do modo de Produção Capitalista houve uma mudança de tipo dessas crises, deixando de haver escassez, mas sim superabundância, e os preços, ao invés de subirem, decaem, com grande aumento de stocks, grandes quebras na procura que provocam falências, desemprego, destruição dos stocks … Além disso, estas crises ocorriam e ocorrem em cadeia, dada a interdependência dos produtos económicos. Nunca atingiram apenas um sector, mas toda a sociedade, dada a interligação da economia com a política. Esses períodos de crise coincidiram sempre com fases de recessão demográfica, aumento da criminalidade e da marginalidade, agitação social intensa (greves, atentados, revoluções) e conflitualidade entre as nações dado as ligações económicas existentes entre os países serem mais intensas desde o início do capitalismo.
A crise de 1929 apresentou uma tal dimensão e violência à escala mundial que o capitalismo liberal foi posto em causa. John Keynes chamou a atenção para a necessidade de combater o desemprego para solucionar a crise. Os estados foram chamados a intervir na economia: investimentos públicos para combater o desemprego, auxílio às empresas em risco…
O capitalismo do século XX passou a manifestar crises que se repetem a intervalos. O período que as separam tornou-se progressivamente mais curtas. O desemprego, as crises nos balanços de pagamentos, a inflação, a instabilidade do sistema monetário internacional e o aumento da concorrência entre os grandes competidores (entre outros factores) caracterizam as chamadas crises cíclicas do sistema capitalista.
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