VICES E VIRTUDES
"O liberalismo de lá e o anti-americanismo de cá começaram por apresentar Sarah Palin, a candidata republicana a vice-presidente dos EUA, como a incarnação do Mal. A senhora era uma fanática religiosa, que comovia o sinistro bible belt, acreditava piamente nas teses "criacionistas" e desejava uma jihad perpétua contra russos, muçulmanos, homossexuais e moças libertinas. A senhora, em suma, era uma espécie de bin Laden, isto se bin Laden alguma vez tivesse gozado de imprensa tão negativa.
Sem surpresas, o retrato pecou por exagero. Após semanas de escrutínio público, o que define a sra. Palin é a franca ausência de convicções, para lá de umas generalidades sobre política externa que a equipa de McCain lhe ditou e umas opiniões ligeiras em assuntos económicos ou sociais que nem a distinguem particularmente da candidatura adversária (Obama também responsabiliza a "ganância" de Wall Street pela crise e também se opõe ao casamento gay, para citar dois exemplos).
A sra. Palin não é perigosa, pelo menos no sentido deliberado do termo. É apenas uma má candidata. Ao escolhê-la, McCain provou que não é só a esquerda a subvalorizar a lucidez dos "selvagens" do Sul: o entusiasmo destes pela hockey mom desvaneceu-se muito antes do debate com Joe Biden. E o debate não foi o massacre que se previra porque o rígido modelo adoptado permitiu que a governadora do Alasca se safasse com meia dúzia de truques cénicos e uma dúzia de banalidades repetidas à exaustão. Nada de catastrófico, nada de louvável. Nada, afinal, que a distinga do governante português médio.
Sucede que falamos dos EUA, onde, apesar da voz corrente, as exigências são um nadinha superiores. A sra. Palin não explica sozinha a iminente derrota republicana, mas quem viu o confronto com Biden deu por si a pensar o que levou alguém a imaginá-la vice-presidente. A propósito do debate: quem viu Biden, que é imensamente mais sensato que Obama, argumenta melhor que Obama e passou hora e meia a atacar McCain para não defender a sombria indecisão de Obama, terá pensado exactamente o mesmo, embora por motivos opostos. "
Alberto Gonçalves
Sem surpresas, o retrato pecou por exagero. Após semanas de escrutínio público, o que define a sra. Palin é a franca ausência de convicções, para lá de umas generalidades sobre política externa que a equipa de McCain lhe ditou e umas opiniões ligeiras em assuntos económicos ou sociais que nem a distinguem particularmente da candidatura adversária (Obama também responsabiliza a "ganância" de Wall Street pela crise e também se opõe ao casamento gay, para citar dois exemplos).
A sra. Palin não é perigosa, pelo menos no sentido deliberado do termo. É apenas uma má candidata. Ao escolhê-la, McCain provou que não é só a esquerda a subvalorizar a lucidez dos "selvagens" do Sul: o entusiasmo destes pela hockey mom desvaneceu-se muito antes do debate com Joe Biden. E o debate não foi o massacre que se previra porque o rígido modelo adoptado permitiu que a governadora do Alasca se safasse com meia dúzia de truques cénicos e uma dúzia de banalidades repetidas à exaustão. Nada de catastrófico, nada de louvável. Nada, afinal, que a distinga do governante português médio.
Sucede que falamos dos EUA, onde, apesar da voz corrente, as exigências são um nadinha superiores. A sra. Palin não explica sozinha a iminente derrota republicana, mas quem viu o confronto com Biden deu por si a pensar o que levou alguém a imaginá-la vice-presidente. A propósito do debate: quem viu Biden, que é imensamente mais sensato que Obama, argumenta melhor que Obama e passou hora e meia a atacar McCain para não defender a sombria indecisão de Obama, terá pensado exactamente o mesmo, embora por motivos opostos. "
Alberto Gonçalves
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