quinta-feira, novembro 27, 2008

DEIXEM O PRESIDENTE FORA DISTO

"Ainda nem começou e o caso do BPN já está a ir pelo pior caminho. O caminho não é o Palácio da Justiça mas antes, ao que se vê, o Palácio de Belém. Porquê? Porque Dias Loureiro, um dos antigos homens fortes do BPN, é conselheiro de Estado e porque Cavaco Silva não sabe o que fazer com ele. As opiniões intrigam. Uns dizem que Dias Loureiro embaraça o Presidente da República só porque, ao lado de Oliveira e Costa, ele pertencia àquela "elite" do cavaquismo que usou a política para chegar aos negócios. Outros pretendem que Dias Loureiro obriga o Presidente a tomar uma posição definida sobre se o seu ex-ministro deve, ou não, ficar no Conselho de Estado. E outros exigem que Cavaco Silva afaste expeditamente Dias Loureiro das suas funções de conselheiro, para que tudo se esclareça sobre o que ele fez no período em que esteve no BPN.

E o certo é que tudo isto tem perturbado o Presidente. Cavaco Silva começou por emitir há dias um comunicado excessivo só para tornar claro que não tem, nem nunca teve, ligações ao BPN. A seguir, perguntado sobre se iria demitir Dias Loureiro remeteu para a lei do Conselho de Estado, uma forma de dizer que só não o demite porque não pode. E quando Dias Loureiro, ágil e astuto, foi para Belém garantir a Cavaco Silva que nunca participou em nenhuma ilegalidade no BPN, parece que os papéis se inverteram. O conselheiro Dias Loureiro entendeu que, desta vez, era ele que precisava de ouvir o Presidente da República e não o contrário. A "posição" de Cavaco Silva foi que não vê razões para duvidar da "palavra solene" do seu conselheiro. Tanto chegou para Dias Loureiro sair de Belém com a imagem retocada. Se o Presidente acredita nele, porque é que nós não devemos acreditar?

Há muita gente que não esconde o desejo de atingir a autoridade e o prestígio de Cavaco Silva associando-o ao BPN. Primeiro, porque se todos estiverem de alguma forma envolvidos, as culpas diluem-se. Depois, porque sendo o Presidente hoje e sempre um obstáculo ao poder maioritário, torna-se um alvo apetecível. A simples ideia de que o BPN condensava os "restos" da "elite" do cavaquismo serve para isso mesmo. Curiosamente, nunca se fala das "elites" do soarismo, do guterrismo ou do socratismo vigente que, sejamos justos, também nunca enganaram ninguém.

Mas, dito isso, talvez seja conveniente recordar que quem precisa aqui de ser escrutinado e avaliado não é o Presidente da República. Pouco importa se Cavaco Silva não impôs como dizem que devia a demissão de Dias Loureiro. Era este quem já devia ter saído pelo seu próprio pé, poupando o Presidente aos estragos que começaram a aparecer e a outros que ainda poderão vir. Vejam, por isso, se resguardam o Presidente, que do regime não sobra muito
."

Pedro Lomba

1 Comments:

Blogger mfc said...

O problema não é que..."Há muita gente que não esconde o desejo de atingir a autoridade e o prestígio de Cavaco Silva"

O problema é que há muita gente que apesar do beneplácito de CS pretende que, se for caso disso, o Dias possa passar a Noites!

Um abraço... na discórdia amiga.

PS - Eu sei que foram 5...

quinta-feira, novembro 27, 2008  

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