Ímpar
"O Partido Socialista tem em estudo uma revolução do sistema eleitoral que passa, nomeadamente, pela redução do número de cabeças pensantes no Parlamento, e de traseiros que se levantam e sentam nas votações parlamentares, de 230 para 229.
A grande questão não resulta de os socialistas ponderarem que há um deputado a mais no hemiciclo de São Bento. O objectivo declarado do PS é evitar empates. Que fantasma perpassa pelos corredores de São Bento na ala do grupo parlamentar socialista? Ainda bem que me fazem essa pergunta. É o fantasma do pântano.
Sim, porque é admissível que este PS siga um itinerário inverso ao do PS anterior. António Guterres governou com maioria relativa e no final da legislatura não chegou à absoluta. José Sócrates começou pela absoluta e pode acontecer que a perca, recuando para uma minoria no Parlamento ou, como sucedeu com o PS de Guterres, ficando-se pelo empate. A experiência diz-nos que não se sabe o que será pior. Com a revolução eleitoral do PS não acontecerá o empate a 115 deputados. Até porque se sabe como o resultado eleitoral de 1999 descambou no desfecho de 2001: Odisseia no Pântano.
Daí que o PS tenha em estudo a hipótese de reduzir os pares do Parlamento a ímpares. A imparidade impedirá que no futuro o poder tenha que ser divisível por dois, ou mais, que a democracia e a governação fiquem reféns de uma fábrica de queijo ou até mesmo de qualquer loja de conveniência. A história não se repete mas o pântano é, por definição, uma superfície estagnada que sobrevive ao tempo. Com terrenos movediços todo o cuidado é pouco: um passo em falso e alguém se afunda no atoleiro. E a verdade é que o charco pestilento e corrupto não foi saneado: infecto, putrefacto, fétido, o pântano está aí e dá-se por ele todos os dias."
João Paulo Guerra
A grande questão não resulta de os socialistas ponderarem que há um deputado a mais no hemiciclo de São Bento. O objectivo declarado do PS é evitar empates. Que fantasma perpassa pelos corredores de São Bento na ala do grupo parlamentar socialista? Ainda bem que me fazem essa pergunta. É o fantasma do pântano.
Sim, porque é admissível que este PS siga um itinerário inverso ao do PS anterior. António Guterres governou com maioria relativa e no final da legislatura não chegou à absoluta. José Sócrates começou pela absoluta e pode acontecer que a perca, recuando para uma minoria no Parlamento ou, como sucedeu com o PS de Guterres, ficando-se pelo empate. A experiência diz-nos que não se sabe o que será pior. Com a revolução eleitoral do PS não acontecerá o empate a 115 deputados. Até porque se sabe como o resultado eleitoral de 1999 descambou no desfecho de 2001: Odisseia no Pântano.
Daí que o PS tenha em estudo a hipótese de reduzir os pares do Parlamento a ímpares. A imparidade impedirá que no futuro o poder tenha que ser divisível por dois, ou mais, que a democracia e a governação fiquem reféns de uma fábrica de queijo ou até mesmo de qualquer loja de conveniência. A história não se repete mas o pântano é, por definição, uma superfície estagnada que sobrevive ao tempo. Com terrenos movediços todo o cuidado é pouco: um passo em falso e alguém se afunda no atoleiro. E a verdade é que o charco pestilento e corrupto não foi saneado: infecto, putrefacto, fétido, o pântano está aí e dá-se por ele todos os dias."
João Paulo Guerra
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