ENFIM, UMA LEI CONTRA A DISCRIMINAÇÃO
"O Público fez as contas e concluiu que a Lei da Paridade, que obriga a uma quota de 33,3% de mulheres nos cadernos eleitorais, implicará 19 mil senhoras candidatas aos três escrutínios de 2009. A lei é admirável no espírito e insuficiente na letra. Vamos por partes. Parece-me evidente que a política é uma actividade demasiado indigna para ser deixada ao cuidado exclusivo dos homens. Não sei se existe a tal maneira feminina e sensível de governar. Sei que, de Maria de Lourdes Pintasilgo a Maria de Lurdes Rodrigues, o sexo fraco já demonstrou repetida e abundantemente que, também em matéria de governação, consegue alcançar níveis fraquíssimos. É tempo de lhe adicionarmos a fama ao proveito. A título pessoal, estou cansado de sofrer os estereótipos que a política atira sobre o género masculino da espécie. Na douta opinião do povo, quaisquer titulares de cargos públicos são sempre "uns bandalhos" e "esses trafulhas". Raramente se ouve um popular meticuloso o suficiente para considerar que "os titulares e as titulares de cargos públicos são uns/umas bandalhos(as)", não só porque é difícil incluir barras e parêntesis no discurso oral, mas porque a política partidária está de facto, e até aqui com certa razão, associada aos homens em geral. Incluindo os inocentes que, como eu, nunca tiveram a menor relação com a dita. Daqui em diante, porém, é oficial que, no mínimo, um terço do péssimo nome que a política dá terá de ser repartido pelas senhoras. Claro que lamento a lei não chegar aos 50%, o que permitiria uma difamação realmente paritária. Mas 33,3% já servem para mostrar que elas são tão dadas à incompetência quanto nós. E se imaginarmos o tipo de criaturas que aceitam uma nomeação imposta por favor legislativo, não custa admitir, sem falsos cavalheirismos, que o serão ainda mais."
Alberto Gonçalves
Alberto Gonçalves
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