Laxismo
"Há décadas que, por isto ou por aquilo, se debate a falta de respeito dos eleitos pelos eleitores chamando-se-lhe por diversos nomes.
O mais comum tem sido laxismo. Mas a atitude laxista perante o laxismo não chega a ser um laxativo: é mais uma lixívia. De maneira que, volta e meia, voltam os mesmos ou novos sintomas e manifestações de laxismo que laxam o regime e lixam a democracia.
E é assim que de momento o que se discute é como se vai disfarçar o laxismo de deputados que objectivamente anteciparam o fim-de-semana prolongado do feriado da Imaculada Conceição. Ou seja, como é que se vai deixar tudo na mesma evitando que algum laxante purgue o laxismo instalado. Porque, sejamos francos: eleitores são coisa que se usa de quatro em quatro anos e as clientelas têm que se manter todos os dias. Neste caso, as clientelas dos senhores deputados que representam o povo em ‘part-time’ e têm as suas vidinhas extra-parlamentares.
Acontece que, coincidindo com o caso dos deputados que “picaram o ponto” e foram à sua vida, saiu um estudo que revela o baixo crédito de que dispõem junto da opinião pública, o Parlamento e a própria democracia. Não sei se é isto mesmo que se procura deliberadamente: que cada vez menos portugueses participem, votem, decidam. Mas a democracia portuguesa custou muitos sacrifícios a muita gente, custou sangue e vidas, como também vidas familiares e profissionais, custou anos de liberdade, para que uns tantos peralvilhos comprometam a consideração das instituições democráticas.
Os eleitores portugueses têm todo o direito de pedir contas pelo laxismo dos eleitos. E já. Não apenas para o ano, quando os laxistas aparecerem indissociáveis de pacotes de deputados a eleger à lista."
João Paulo Guerra
O mais comum tem sido laxismo. Mas a atitude laxista perante o laxismo não chega a ser um laxativo: é mais uma lixívia. De maneira que, volta e meia, voltam os mesmos ou novos sintomas e manifestações de laxismo que laxam o regime e lixam a democracia.
E é assim que de momento o que se discute é como se vai disfarçar o laxismo de deputados que objectivamente anteciparam o fim-de-semana prolongado do feriado da Imaculada Conceição. Ou seja, como é que se vai deixar tudo na mesma evitando que algum laxante purgue o laxismo instalado. Porque, sejamos francos: eleitores são coisa que se usa de quatro em quatro anos e as clientelas têm que se manter todos os dias. Neste caso, as clientelas dos senhores deputados que representam o povo em ‘part-time’ e têm as suas vidinhas extra-parlamentares.
Acontece que, coincidindo com o caso dos deputados que “picaram o ponto” e foram à sua vida, saiu um estudo que revela o baixo crédito de que dispõem junto da opinião pública, o Parlamento e a própria democracia. Não sei se é isto mesmo que se procura deliberadamente: que cada vez menos portugueses participem, votem, decidam. Mas a democracia portuguesa custou muitos sacrifícios a muita gente, custou sangue e vidas, como também vidas familiares e profissionais, custou anos de liberdade, para que uns tantos peralvilhos comprometam a consideração das instituições democráticas.
Os eleitores portugueses têm todo o direito de pedir contas pelo laxismo dos eleitos. E já. Não apenas para o ano, quando os laxistas aparecerem indissociáveis de pacotes de deputados a eleger à lista."
João Paulo Guerra
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