quinta-feira, dezembro 04, 2008

O Governo e a crise

"A actual crise é muito séria mas não se vê qualquer sombra do desejo de punir o Governo. Com ou sem crise, o Governo resiste.

Teoricamente, as crises económicas matam os governos. Todos os governos. Cavaco Silva sentiu isso na pele em 1993. E há outros exemplos. Se a crise é séria, os governos perdem popularidade. Se a crise é muito séria, os governos perdem o poder. Não é esse, no entanto, o caso do nosso Governo. A actual crise é muito séria, mas o PS continua seguríssimo nas intenções de voto. Não se vê qualquer sombra do desejo de punir o Governo. Com ou sem crise, o Governo resiste.

A prestação da dra. Ferreira Leite pode servir de explicação. Se a alternativa não entusiasma, para quê mudar? Sucede que não pode ser apenas isso porque, mesmo que o PSD não suba nas sondagens, é preciso explicar porque é que o Governo não desce, porque é que a crise não o afecta. Como nunca acreditei que os portugueses “se arrebatassem” com o primeiro-ministro – na verdade, toleram-no –, as razões para este mistério devem estar noutro sítio.

Pois bem. Já se percebeu que o Governo tem aproveitado a crise económica internacional à medida das suas conveniências políticas e eleitorais. Com a mesma falta de pudor a que nos habituou noutras circunstâncias, este Governo só está interessado numa coisa: passar incólume por este tempo de crise, desviando atenções e responsabilidades para tudo o que se passa fora do país. A crise, de facto, não começou em Portugal.

Repararam que Sócrates ou Manuel Pinho, por exemplo, cada vez que falam da crise económica, dizem o mesmo. Comparados com o que se vê no exterior, argumentam eles, nós até nem nos podemos queixar. O mundo inteiro está a ir para trás, mas Portugal vive só estagnado. É melhor do que nada. O subtil raciocínio é que devemos ficar contentes só porque não estamos pior do que os outros. Até a Irlanda, vejam bem, a mítica Irlanda do crescimento acelerado dos anos 90, entrou em recessão. Não é óptimo vivermos num Portugal sempre igual a Portugal e termos um primeiro-ministro que, pelo menos, nos aguenta no nosso atraso?

Já ouvi isto em qualquer lado. Durante o grosso do nosso século XX foi dito aos portugueses que deviam aceitar o que tinham, que não deviam espernear muito. O mundo lá fora era perigoso. Éramos o que éramos. Agora temos uma nova versão deste argumento. Estamos bem porque o mundo está pior. Aceitem e fiquem felizes. Será preciso repetir que nenhuma crise, por mais grave que seja, pode justificar os males da nossa economia nos últimos dez anos? Que nenhuma crise pode justificar a década perdida que foi 1995-2005? Que nenhuma crise pode isentar o Governo de responder pelas políticas que tem em prática e por aquilo que faz e não faz contra a crise especificamente portuguesa em que já estávamos metidos antes de sermos expostos à crise internacional? E isto não é evidente?
"

Pedro Lomba

12 Comments:

Blogger Toupeira said...

Tem tudo a ver com o que Sr diz no artigo.
Com argumentos falaciosos faz o que a grande maioria dos jornalistas e comentadores fazem:
Dizer que não há melhor dentro do atoleiro e do pântano.
Com um PR que só fala em seu interesse e diz banalidades, como por exemplo: temos de mudar o sector produtivo, esquecendo que o poderia ter feito quando foi governo, na altura era o betão e o enriquecimento dos barões do bloco central e tão criminoso é quem faz como quem fecha os olhos, decerto não lhe faltavam poderes para mandar investigar o muito que já se dizia. Habitualmente matava-se o mensageiro.
Portanto o Sr Lomba no caso não faz diferente dos outros, usar as palavras num elogio ao governo, subtil e ténue quanto baste.
É claro que os há mais agressivos e com menos vergonha no jornal onde escreve.
Quem levou a este governo foram um PR golpista, apoiado pelos media e por jornalistas que comem à mão dos donos. Afinal demitiu um governo com muito menos legitimidade do que esactual PR já tinha para demitir este e nomear um governo de gestão que auditasse as contas públicas e feito por homens afastados da política e dos interesses dos banqueiros. Mas não temos um PR, pois não? Temos um homem que quer manter um lugar e que decerto não tem conhecimento, nem coragem para escolher esse grupo de homens bons, nem tropa para ter as costas quentes.
Se não se colocar ao menos esta questão, os portugueses habitualmente povo sereno, poderá desafiar o Leviatã, quando o pão faltar na mesa, porque será impossível arranjar dinheiro limpo para sustentar este orçamento, os desempregados e os excluídos.

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

A Democracia é uma Jangada e de PEDRA, Pelo menos a nossa Democracia, que de democracia nãO tem nada, ou pelo menos muito pouco.

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Constâncio...é a palavra de ordem, mas o homem não cede está de pedra e cal e tem o apoio cego(?) do PS. Os banqueiros grandes e pequenos estão "todos" acima de qualquer suspeita, são pessoas de elevada estrutura moral e ética repúblicana, nos seus bancos, só se pratica o bem e nada mais. Como prova de que isso é a pura verdade basta olhar para o BCP,BNP e agora para O BPP. Se alguém tiver dúvidas experimente apresentar uma situação que lhe pareça menos clara a uma entidade reguladora tipo CMVM ou BdP e rápidamente vai descobrir que é assim que o sistema funciona. Banqueiros sérios clientes nem por isso.

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Pode ser um preciosismo linguístico da minha parte, mas o adágio é, “ainda a procissão vai no adro”. A língua portuguesa é tão rica e diversa, que me custa ler jornalistas, que são também promotores da língua portuguesa dizerem estes disparates. Porque não uma faca de “dois legumes”, como disse uma vez, o famoso treinador de futebol, Jaime Pacheco. Porque não, a montanha pariu um gato, em vez de um rato. Porque não, mais vale uma avestruz na mão que dois pássaros a voar. Não pretendo efectuar nenhum ataque pessoal ao jornalista, mas o jornal de negócios, devia ter alguém que lesse os textos antes de eles serem publicados.

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

O ataque a Constâncio não é político, é técnico. Constâncio bem pode vitimizar-se mas sublinho a seguinte frase do autor: "Constâncio pretende que cometamos com ele o mesmíssimo erro que ele cometeu com os banqueiros: o de os considerar acima de qualquer suspeita ou necessidade de fiscalização exigente."

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

A crença no liberalismo sem limites é para os pobres de espírito e para aqueles a quem compete pagar os lucros dos vencedores do sistema. Os dirigentes não acreditam no Pai Natal (liberalismo) pois apenas acreditam no seu egoísmo individual disfarçado de retribuição pelo mérito, quando o único mérito que têm é o de ter nascido. O homem não muda e o pior dos homens é aquele que se nos aparenta ser os mais respeitável, por ser o mais pernicioso.

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Acontece que hoje está tudo ao alcance de um clique na net e a informação passa rapidamente, transpira cá para fora.Repare, nos dias que correm, uma Juíza pode viver maritalmente com um empresário, um empresário com uma barmaid, uma barmaid com um advogado e por aí fora.Ora tudo isto leva a que as pessoas em questão conversem sobre os assuntos dos seus ofícios e quando se separam, coisa muito comum hoje em dia, cria-se uma teia de informação e contra-informação.Eu tenho os meus filhos, tu tens os teus, e nós temos os nossos, a vida está cara querida/o...tu ganhas bem como juíza e percebes de leis e tens influências, eu vou fazendo as minhas falcatruas e tu " cover my hess".Back me up on this, baby, thtas not friendly fire.Maiday Maiday.Enfim, porca miséria...

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Somos um povo tonto que acredita que democracia é poder dizer mal de tudo enquanto uns quantos se banqueteiam com a parca riqueza de todos. Preferimos isso a ter pouco para dizer mal e, não termos que pagar tantos impostos para alimentar parasitas. E nõão temos noção dos valores mas é só pensar que um carro de 100.000 euros de uma entidade pública (tipo CML no tempo do SL) custa 1 cêntimo - 2 escudos a cada português). É pouco? Então somem as patranhadas todas e vejam quanto pagamos apenas para poder dizer mal de tudo

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Como alguem escreveu e bem a Justiça em Portugal funciona assim: As 3 Fases da Justiça Portuguesa 1º Muito Show Off e Fogo de Artificio. (Leva a que o povo português pense a justiça até funciona) 2º Arrasta-se o inquerito e o Julgamento o máximo tempo possivel. (O povo começa a fartar-se e diz,sempre a mesma coisa, e nunca mais acaba) 3º Todos ficam ilibados. (Porque ao fim de vários anos ja ninguem liga e todos estão fartos de ouvir sempre o mesmo) E não vai mudar

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Assim também eu gostava de fazer negócios. Vamos ver se eu entendi. O consórcio dos Bancos vai emprestar dinheiro ao BPP. Se tudo correr bem, safam o BPP e ganham o respectivo juro. Se correr mal, avança o aval do Estado, portanto, é um negócio sem risco mas para o Consórcio.Porreiro, Pá!

quarta-feira, dezembro 03, 2008  
Anonymous Anónimo said...

LOL! O povo não acredita em nada. Está-se nas tintas para os políticos e demais ladroagem. Para o Zé Povinho são todos iguais!
Como diz o outro: um peido para desanuviar a ansiedade!

quinta-feira, dezembro 04, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Portugal agonia até 2010, na cauda da Europa, diz OCDE://www.lawrei.eu/MRA_Alliance/?p=2930

quinta-feira, dezembro 04, 2008  

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