O labirinto de Sócrates
"Sócrates pretende salvar Portugal enfrentando o admirável mundo novo com as mesmas palavras velhas e cansadas que adormecem o país.
Entre Sócrates e Cavaco existe agora a distância que separa os Açores do Continente. Ao tornar política uma questão com resolução jurídica, o Presidente da República garante o afastamento institucional sem provocar uma crise política. Ao dramatizar uma questão menor, os portugueses não encontram um motivo para a dissolução do Parlamento. No entanto, a mensagem política atinge certeira o coração de Sócrates. O Presidente da República dispara uma pistola de alarme e o primeiro-ministro reage com o vermelho rosa do sangue. Apesar de atingido, Sócrates sobrevive e é o vencedor no duelo romântico. Mas a separação sem crise aumenta a tensão política, não perturba a estabilidade governativa e responsabiliza Sócrates face ao tribunal da opinião pública. A partir deste momento, Sócrates está só e sem desculpas.
E é já um Sócrates solitário que surge na primeira entrevista anual. Apesar do brilho da armadura verbal, o primeiro-ministro é hoje uma figura politicamente humilhada. No limite, Sócrates é um revestimento fino sem densidade política. Na entrevista não existe uma reflexão sobre o estado do mundo, nem uma interpretação sobre a realidade política nacional ou internacional, nem um suspiro a propósito de um novo consenso económico. Sócrates é o homem das medidas vistosas ao ritmo das dificuldades. Sente-se que a realidade lhe foge constantemente. O dia chegará em que Sócrates será ultrapassado pela realidade que julga controlar.
Depois há a questão do estilo político. O primeiro-ministro reincide na postura agressiva de quem sabe e nunca se engana. Sócrates pretende salvar Portugal enfrentando o admirável mundo novo com as mesmas palavras velhas e cansadas que adormecem o país. Por outro lado, a entrevista revelou uma espiral negativa no discurso político do primeiro-ministro - primeiro, a ilusão; depois a negação; finalmente a recessão. Para Sócrates não existem contradições porque a sua personalidade política é percorrida por infinitas multitudes.
Para os portugueses atentos, a entrevista não mostrou segurança nem promoveu confiança. Afinal, como todos os portugueses, o primeiro-ministro é vítima dos excessos do capitalismo neoliberal e da crise internacional. Com Sócrates no Governo, Portugal é um país de cegos, governado por cegos, ocupados numa festa sem destino à beira de um precipício. Sócrates já foi um homem com um plano, hoje é um primeiro-ministro com as mãos vazias."
Carlos Marques de Almeida
Entre Sócrates e Cavaco existe agora a distância que separa os Açores do Continente. Ao tornar política uma questão com resolução jurídica, o Presidente da República garante o afastamento institucional sem provocar uma crise política. Ao dramatizar uma questão menor, os portugueses não encontram um motivo para a dissolução do Parlamento. No entanto, a mensagem política atinge certeira o coração de Sócrates. O Presidente da República dispara uma pistola de alarme e o primeiro-ministro reage com o vermelho rosa do sangue. Apesar de atingido, Sócrates sobrevive e é o vencedor no duelo romântico. Mas a separação sem crise aumenta a tensão política, não perturba a estabilidade governativa e responsabiliza Sócrates face ao tribunal da opinião pública. A partir deste momento, Sócrates está só e sem desculpas.
E é já um Sócrates solitário que surge na primeira entrevista anual. Apesar do brilho da armadura verbal, o primeiro-ministro é hoje uma figura politicamente humilhada. No limite, Sócrates é um revestimento fino sem densidade política. Na entrevista não existe uma reflexão sobre o estado do mundo, nem uma interpretação sobre a realidade política nacional ou internacional, nem um suspiro a propósito de um novo consenso económico. Sócrates é o homem das medidas vistosas ao ritmo das dificuldades. Sente-se que a realidade lhe foge constantemente. O dia chegará em que Sócrates será ultrapassado pela realidade que julga controlar.
Depois há a questão do estilo político. O primeiro-ministro reincide na postura agressiva de quem sabe e nunca se engana. Sócrates pretende salvar Portugal enfrentando o admirável mundo novo com as mesmas palavras velhas e cansadas que adormecem o país. Por outro lado, a entrevista revelou uma espiral negativa no discurso político do primeiro-ministro - primeiro, a ilusão; depois a negação; finalmente a recessão. Para Sócrates não existem contradições porque a sua personalidade política é percorrida por infinitas multitudes.
Para os portugueses atentos, a entrevista não mostrou segurança nem promoveu confiança. Afinal, como todos os portugueses, o primeiro-ministro é vítima dos excessos do capitalismo neoliberal e da crise internacional. Com Sócrates no Governo, Portugal é um país de cegos, governado por cegos, ocupados numa festa sem destino à beira de um precipício. Sócrates já foi um homem com um plano, hoje é um primeiro-ministro com as mãos vazias."
Carlos Marques de Almeida
1 Comments:
Já que a Comunicação Social está instrumentalizada e não há oposição firme, o povo deveria manifestar-se:
- Contra o elevado preço dos combustíveis, uma vez que o preço do petróleo desceu para um terço do que custava há meses e em Portugal os combustíveis ainda só desceram cerca de 20%;
- Contra os elevados salários de gestores de empresas públicas que dão prejuízo;
- Contra a entrega de computadores "Magalhães" que depois têm de ser devolvidos, como quem tira doces a crianças;
- Contra o financiamento público de bancos que exploram os clientes com elevados juros;
- Contra as listas de espera na saúde;
- Contra as portagens nas SCUT;
- Contra a criminalidade e a insegurança que se vive em Portugal;
- Contra as elevadas taxas de desemprego;
- Contra o desvio do dinheiro de impostos para o TGV;
- Contra as mentiras.
Se os Portugueses acordarem o ano de 2009 pode ser bem promissor para Portugal e para os portugueses
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