Uns e os outros
"Implacável. O escrutínio sobre a actuação da direcção do PSD é de uma intensidade tal que raia a desproporção, tanto mais quando comparado com a ligeireza com que são tratadas os erros e as sobrancerias do primeiro-ministro, as asneiras do Governo e do PS, os desmandos de alguns ministros e a acção dos outros partidos da oposição.
Não quer isto dizer que, por parte do PSD e da sua liderança, não existam insuficiências assinaláveis, ausências inexplicáveis e silêncios injustificáveis, mas a verdade é que o exagero está a tomar a parte pelo todo.
Assim que foi lançado o Fórum da Verdade, através do qual os social-democratas pretendem promover o debate sobre questões de relevância nacional, já um coro de vozes trata de desqualificar a iniciativa, ora porque era abrangente demais, ora porque era de menos, ora porque vinha tarde, ora porque era uma qualquer repescagem de um projecto que andava por aí esquecido numa gaveta da sede nacional do partido.
Contraditório. Este afã crítico que eleva à condição de primeira página a divergência interna ou o pequeno acessório e remete para nota de rodapé a apresentação de opções alternativas ou a tomada de posições políticas contra o Governo já começa a preocupar acima de tudo porque é limitativo do exercício do contraditório, peça fundamental de um regime que se pretende democrático e por isso fomentador da alternância.
Estranho. Referências ímpares do meio socialista falam em medo e alertam para a limitação nas condições de expressão da opinião divergente, só que a coisa passa ligeira como se de um ‘fait-divers' se tratasse e, portanto, sem importância de maior. A ameaça de cisão no partido socialista permanece tão activa quanto ditarem os ‘timings' de Manuel Alegre e os interesses da sua esquerda musculada, só que o facto surge natural como se natural fosse um partido do arco da governação viver sob ameaça de um corte interno que, a concretizar-se, rasga o seu âmago identitário.
Exigências. Exige-se do PSD que apresente um pacote de alternativas, um programa de Governo, um conjunto de medidas contra a crise, uma estratégia para as autárquicas e mais outra para as europeias, e aceita-se com uma leveza inqualificável que o partido do Governo e o seu líder incontestado, que têm especiais responsabilidades na situação em que o país se encontra, apresentem um programa de acção para a próxima legislatura cujos temas mais relevantes passam pelo casamento entre homossexuais e pela regionalização. Eis o que é uma verdadeira recauchutagem da lógica do pão e do circo, porque antes como agora o que importa é distrair as massas. Assim mesmo, para que o país se possa ir desfazendo com menos estrondo."
Rita Marques Guedes
Não quer isto dizer que, por parte do PSD e da sua liderança, não existam insuficiências assinaláveis, ausências inexplicáveis e silêncios injustificáveis, mas a verdade é que o exagero está a tomar a parte pelo todo.
Assim que foi lançado o Fórum da Verdade, através do qual os social-democratas pretendem promover o debate sobre questões de relevância nacional, já um coro de vozes trata de desqualificar a iniciativa, ora porque era abrangente demais, ora porque era de menos, ora porque vinha tarde, ora porque era uma qualquer repescagem de um projecto que andava por aí esquecido numa gaveta da sede nacional do partido.
Contraditório. Este afã crítico que eleva à condição de primeira página a divergência interna ou o pequeno acessório e remete para nota de rodapé a apresentação de opções alternativas ou a tomada de posições políticas contra o Governo já começa a preocupar acima de tudo porque é limitativo do exercício do contraditório, peça fundamental de um regime que se pretende democrático e por isso fomentador da alternância.
Estranho. Referências ímpares do meio socialista falam em medo e alertam para a limitação nas condições de expressão da opinião divergente, só que a coisa passa ligeira como se de um ‘fait-divers' se tratasse e, portanto, sem importância de maior. A ameaça de cisão no partido socialista permanece tão activa quanto ditarem os ‘timings' de Manuel Alegre e os interesses da sua esquerda musculada, só que o facto surge natural como se natural fosse um partido do arco da governação viver sob ameaça de um corte interno que, a concretizar-se, rasga o seu âmago identitário.
Exigências. Exige-se do PSD que apresente um pacote de alternativas, um programa de Governo, um conjunto de medidas contra a crise, uma estratégia para as autárquicas e mais outra para as europeias, e aceita-se com uma leveza inqualificável que o partido do Governo e o seu líder incontestado, que têm especiais responsabilidades na situação em que o país se encontra, apresentem um programa de acção para a próxima legislatura cujos temas mais relevantes passam pelo casamento entre homossexuais e pela regionalização. Eis o que é uma verdadeira recauchutagem da lógica do pão e do circo, porque antes como agora o que importa é distrair as massas. Assim mesmo, para que o país se possa ir desfazendo com menos estrondo."
Rita Marques Guedes
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