sábado, março 07, 2009

No país do arco-íris

"Nas páginas do “Financial Times”, Portugal é o País do Sol onde os turistas podem carregar as baterias dos telefones celulares numa inesgotável fonte de energia solar. O anúncio é pouco lisonjeiro para a alma nacional (se tal entidade ainda existe). Mas a sintonia com o Congresso do PS merece uma nota imparcial e atenta.

O PS promete o cálculo da felicidade e a resolução da crise. Os portugueses imaginam um estaleiro de norte a sul, com gruas e andaimes, todos ocupados na construção de um arco-íris nacional. No meio do desemprego, da dívida e da dúvida sobre o futuro do país, o PS insiste no milagre da arca do tesouro no final do arco-íris.

O Congresso vem ainda sublinhar, no limite do paroxismo, o fenómeno de personificação absoluta da política nacional. A ausência de hábitos de reflexão política e o tradicional anti-intelectualismo, o vazio ideológico e a ignorância da ideologia, a mentalidade gregária e a atracção hipnótica pelo poder, tudo concorre para a redução da política à pessoa do líder. Neste cenário de intoxicação política, discussão é heresia, debate é divisão e a alternativa corresponde ao toque da traição.

Na perspectiva da personificação da política, o PSD perde em toda a linha. Desde logo pela timidez da líder, mas sobretudo pela agitação política constante que marca o ritmo da vida do partido e que não reconhece autoridade, ambição e estatuto a Manuela Ferreira Leite. Se Sócrates é senhor de todo o poder, Ferreira Leite é o retrato fatídico de um político a quem o poder sempre foge.

E como fica a Esquerda depois do Congresso socialista? Dividida, plena de rancores, marcada por clivagens e ambições que não cabem no espaço de um partido ou coligação. A par do ódio ao capitalismo, o parasitismo do Bloco de Esquerda é a matriz ideológica e profunda da agremiação. Mas causa alguma perplexidade o diálogo bélico entre a pequena estrela vermelha e o grande punho fechado. Um espectáculo logo justificado pela obsessão do PS em direcção à maioria absoluta.

Sobra ainda o caso de Manuel Alegre. Alegre permanece no PS por razões sentimentais e reflexos tácticos. Na realidade, embora socialista, Alegre parece ter decidido o seu destino fora do PS. Enquanto surge formalmente na família socialista, Alegre corre politicamente por fora em direcção ainda incerta. Alegre é homem de palavras e de pose, resta saber se tem a coragem das grandes rupturas.

Neste tempo politicamente incerto, Sócrates devia ler alguma poesia. A poesia reflecte sobre todas as limitações, sublinha a riqueza e a diversidade da existência, permite a regeneração da consciência e ajuda a estabelecer um conjunto de verdades básicas essenciais ao exercício de um julgamento justo. Portugal precisa de um primeiro-ministro inteligente e não de um secretário-geral infalível.
"

Carlos Marques de Almeida

1 Comments:

Blogger Toupeira said...

Mas o que é que este quer?
Mas será que o homem acredita no que escreve?
Partidos políticos ou agremiações de criminosos pequenos e grandes que comem à manjedoura do já morto Estado.
O PSD, o PS , PCP e BE, são agremiações de ladroagem, de gente sem qualificação que roubaram e saquearam nos últimos 30 e TAL ANOS ESTA PAÍS, O RESTO SÃO TRETAS. NÃO VALE A PENA ESCREVER ESTE TIPO DE ESTERCO SOBRE A ESTERQUEIRA INSTALADA.
NÃO HÁ SOLUÇÕES O PR DIZ QUE AS NÃO TEM E PEDE PACIÊNCIA, FAZIA UM FAVOR AO PAÍS SE FOSSE EMBORA, PELO MENOS PROVOCAVA UMA CRISE A SÉRIO.

O Pelicano

segunda-feira, março 09, 2009  

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