O país real e o outro...
"Os discursos que anunciavam para Portugal a conquista da modernidade absoluta e a construção de um homem novo, moldado pelo sucesso individual e colectivo, já lá vão.
Esse tique político de todas as maiorias – do cavaquismo ao socratismo – é derrubado pelas más notícias da crise: desemprego, falências de empresas, sobreendividamento, fome, carências de todo o tipo. Este é o novo caleidoscópio da realidade social portuguesa. A vulnerabilidade portuguesa, por muito que não queiramos, está a vir ao de cima.
Na verdade, ela sempre cá esteve e, agora, é destapada pela crise internacional. Ela está em tudo o que, diariamente, simboliza a enorme fractura que existe entre todos aqueles que nos últimos vinte anos viveram próximos de qualquer forma de poder político ou económico e a imensa maioria – o chamado país real – que vive na periferia das várias formas de representação do Estado. Essa dicotomia é cada vez mais chocante e não se vê que por cá faça caminho o apelo de Obama contra todos os que fixam, em causa própria, salários e prebendas estratosféricas que, de resto, em muitos casos nem correspondem a uma real valia ou produtividade elevada. Se não soubermos ultrapassar este estrangulamento de nada nos valerá que a crise internacional se vá embora lá para 2010 ou 2011."
Eduardo Dâmaso
Esse tique político de todas as maiorias – do cavaquismo ao socratismo – é derrubado pelas más notícias da crise: desemprego, falências de empresas, sobreendividamento, fome, carências de todo o tipo. Este é o novo caleidoscópio da realidade social portuguesa. A vulnerabilidade portuguesa, por muito que não queiramos, está a vir ao de cima.
Na verdade, ela sempre cá esteve e, agora, é destapada pela crise internacional. Ela está em tudo o que, diariamente, simboliza a enorme fractura que existe entre todos aqueles que nos últimos vinte anos viveram próximos de qualquer forma de poder político ou económico e a imensa maioria – o chamado país real – que vive na periferia das várias formas de representação do Estado. Essa dicotomia é cada vez mais chocante e não se vê que por cá faça caminho o apelo de Obama contra todos os que fixam, em causa própria, salários e prebendas estratosféricas que, de resto, em muitos casos nem correspondem a uma real valia ou produtividade elevada. Se não soubermos ultrapassar este estrangulamento de nada nos valerá que a crise internacional se vá embora lá para 2010 ou 2011."
Eduardo Dâmaso
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