Santos e profeta
"O ministro das Finanças encontrou "os sinais de que estaremos, porventura, a chegar ao fim desta crise". Tomada como propaganda rasteira, a frase foi demolida em público pela oposição, por comentadores e por peritos que não vêem motivos para tamanho optimismo.
Se calhar, não procuraram bem. Se calhar, limitaram-se a contemplar a pífia subida dos indicadores de confiança divulgados pelo INE, que desde Abril saltaram do apocalíptico para o apenas catastrófico. Mas é possível que, dada a responsabilidade do seu cargo, Teixeira dos Santos disponha de informações adicionais. Nada o impede de imitar os sábios antigos e, por exemplo, ler o futuro nas entranhas das aves e bichos em geral. Eu próprio reli há dias uma perdiz com perspectivas muito estimulantes para a nossa economia.
Depois, ninguém notou a extraordinária modéstia do ministro, que evitou atribuir ao Governo qualquer mérito pelo presuntivo fim da crise. Se acabar, a crise acaba "porventura", ou seja, por acaso, sorte, fortuna. Aliás, não poderia ser de outra forma, visto que o Governo ainda está por lançar os grandes investimentos públicos que iriam resolver a crise. Entretanto, eis que a crise ameaça resolver-se por si, ou porventura, o que em princípio dispensa os investimentos, não é? Não exactamente. Rigoroso, o dr. Teixeira dos Santos mencionou o "fim desta crise": a próxima, pelo menos para nós, começa já a seguir.
Felizmente, ou não fossem as crises "oportunidades únicas para reformar o sistema", isto nas palavras do ministro, que, se o sistema não o reformar a ele próprio antes, terá inúmeras oportunidades pela frente."
Alberto Gonçalves
Se calhar, não procuraram bem. Se calhar, limitaram-se a contemplar a pífia subida dos indicadores de confiança divulgados pelo INE, que desde Abril saltaram do apocalíptico para o apenas catastrófico. Mas é possível que, dada a responsabilidade do seu cargo, Teixeira dos Santos disponha de informações adicionais. Nada o impede de imitar os sábios antigos e, por exemplo, ler o futuro nas entranhas das aves e bichos em geral. Eu próprio reli há dias uma perdiz com perspectivas muito estimulantes para a nossa economia.
Depois, ninguém notou a extraordinária modéstia do ministro, que evitou atribuir ao Governo qualquer mérito pelo presuntivo fim da crise. Se acabar, a crise acaba "porventura", ou seja, por acaso, sorte, fortuna. Aliás, não poderia ser de outra forma, visto que o Governo ainda está por lançar os grandes investimentos públicos que iriam resolver a crise. Entretanto, eis que a crise ameaça resolver-se por si, ou porventura, o que em princípio dispensa os investimentos, não é? Não exactamente. Rigoroso, o dr. Teixeira dos Santos mencionou o "fim desta crise": a próxima, pelo menos para nós, começa já a seguir.
Felizmente, ou não fossem as crises "oportunidades únicas para reformar o sistema", isto nas palavras do ministro, que, se o sistema não o reformar a ele próprio antes, terá inúmeras oportunidades pela frente."
Alberto Gonçalves
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