terça-feira, setembro 15, 2009

Adeus, animal feroz

É natural que o senhor presidente do Conselho se tenha sentido como um peixinho fora de água nestes debates eleitorais”.

As audiências dos dez debates televisivos entre os cinco líderes partidários superaram as melhores expectativas e vieram dar razão aos que sempre defenderam a sua importância nestes tempos conturbados de crise económica e social. Os indígenas mostraram aos políticos que estão atentos e preocupados. Os indígenas sabem que a vidinha está cada vez mais difícil e, naturalmente, querem ouvir muito bem o que os políticos têm para lhes oferecer nos próximos quatro anos. Depois do êxito dos debates é natural que jornais, rádios e televisões apostem forte nestas duas semanas de campanha eleitoral.

E depois do êxito dos confrontos televisivos entre os cinco líderes parlamentares é legítimo esperar que a abstenção no dia 27 seja anormalmente baixa. Razão tinha o senhor presidente do Conselho e secretário-geral do PS quando fez tudo o que podia e não podia para fugir aos debates. É natural. Depois de quatro anos e meio de passadeiras vermelhas, muito espectáculo e muita propaganda, sozinho no palco e com uma poderosa máquina estatal atrás de si, o senhor presidente do Conselho temia o confronto com os adversários políticos em pé de igualdade, algo que detesta genuinamente porque vai contra a sua natureza e o seu carácter. Autoritário, arrogante, convencido, animal feroz, com empresários aos seus pés na busca de negócios chorudos, senhor todo-poderoso de um sítio que deixou mais pobre, mais deprimido, cheio de mentirosos, de larápios e, obviamente, cada vez mais mal frequentado, é muito natural que o senhor presidente do Conselho e secretário-geral do PS se tenha sentido como um peixinho fora de água nestes debates eleitorais.

E, como se viu no sábado à noite, no final do frente-a-frente com Manuela Ferreira Leite, o homem vai andar pelas terras do sítio a lacrimejar, a fazer--se de vítima, a dizer aos indígenas que não passam de uma turba de mal-agradecidos. Sim, porque o senhor presidente do Conselho andou estes quatro anos e meio a pensar unicamente no bem do sítio e dos desgraçados que, para mal dos seus pecados, o têm de aturar. É verdade. Na perspectiva do senhor presidente do Conselho, os indígenas teriam de sair para as ruas a venerá-lo, a agradecer-lhe comovidos o seu esforço, a sua arte, o seu engenho e o enorme sacrifício que andou a fazer nestes quatro anos e meio. Mas pode ser que os indígenas respondam à letra à sua enorme charlatanice e lhe ofereçam umas justas e longas férias, longe da vista e do coração
."

António Ribeiro Ferreira

1 Comments:

Anonymous A Mim Me Parece said...

De acordo. Mas soa-me mal ouvi-lo chamar de "Presidente do Concelho" ou referir-se-lhe "o seu carácter" e não "a sua falta de carácter".

sexta-feira, setembro 18, 2009  

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