Estamos conversados vamos ver se há ou não brandos costumes...
Ouvia um humano, em tom de lamento junto a uma das aberturas
da minha toca, enquanto sopra um vento de leste que tudo seca,( mais ainda…),
dizer entre palavras de raiva e de desorientação, de impotência mas de forma firme, jurar por tudo o que a ideia
do livre arbítrio lhe poderia levar a fazer, pensando que poderia mudar uma
pequena e muito ínfima parte do mundo em que vive, através de actos que alguns
poderiam pensar ser gratuitos ou não.
Foi mais ou menos assim:
O que vou dizer aos meus filhos e netos? Que coisas poderão
fazer para se defenderam de todo o mal, desta sociedade de inverdades?
Que tudo está bem?
Que tudo irá mudar e que é preciso acreditar em gente
hedionda e mentirosa que nos roubou o futuro e a esperança, para além de nos
roubarem todos os dias o pão que ganhámos com todo o merecimento, que eu
ganhei, porque não posso falar por
todos, mas posso falar por todos aqueles que perderam a voz e a coragem, não
sei se são uma maioria ou uma minoria, o número não conta, conta a forma como
vamos mostrar a eles o que fazer perante esta cáfila de gentalha que nos roubou
e rouba, nos gestos, nos não gestos, nas inverdades, nas mentiras e no faz de
conta desta gente que pensa que somos todos cães de Pavlov ou cães de palha
depois da festa.
Vou ensinar-lhes o que um militar ensina?
O que um criminoso sem moral e sem consciência social faz
todos os dias?
Vou dizer-lhes que os Portugueses são pacientes? São de
brandos costumes?
Brandos costumes como
os que fizeram a última guerra civil?
Vou-lhes dizer para serem pacientes, porque lhes roubaram o
futuro, para serem clementes para quem foi inclemente e criminoso, para serem
sérios e honestos porque só com o trabalho sério e honesto se pode ser sério e
pobre, porque o dinheiro não conta e pouco ajuda, dir-lhes-ei, então todas as
mentiras que tantas vezes repetidas me ensinaram a ser manso e triste, que não
se deve olhar em frente, se deve olhar para o chão, porque é assim que devem
ser os escravos desta sociedade de mentira, sem lei, porque roubada e aviltada
na escrita, das vírgulas e dos pontos que faltam e dos que sobram, nas palavras
sopradas aos seus fazedores de leis, pelos salteadores de estados, porque o
direito não é, tanto o natural como o artificial, é uma missa negra, porque o
poder executivo é comandado pelos plutocratas criminosos e protegidos por este
estado dentro dos estados desta assim chamada União.
Portanto não sei o que lhes diga, mas decerto lhes direi que
não devem ser mansos, devem ser rebeldes, quanto baste, tolerantes até ser
suficiente, e sobretudo, que não sejam ingénuos, tudo isso lhes direi, se a
tanto me atrever, porque já nada existe onde a esperança morreu e o ódio nasce
alimentado por isso, a coragem nasce
quando se perde o medo que nos inculcaram desde sempre e, por isso, acima de
tudo, dir-lhes-ei, sejam previdentes mas aprendam a não ter medo, em vez de
esperança, a não tremer nunca perante os inimigos, porque nunca tremerá quem não
teme e é justo.
O vento continuou, mas não acalmou a raiva e o ódio que me
pareceu existir nas palavras e sobretudo o livre arbítrio.
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