segunda-feira, outubro 01, 2012

Uma fábula a (des)propósito ou o primeiro ano borgiano...

Neste sítio que se parece com uma floresta sem influência humana, acontecem coisas, disse-me em conversa um rato do campo, perto de uma árvore com um atento guarda rios como ouvinte, junto a um pequeno ribeiro, acontecem como dizia, coisas mais ou menos habituais, conforme cada um faça uso da sua pouca ou muita imaginação. Façam então de conta...
Sim, o hábito por estes sítios, é, por perigo de vida estar atento aos predadores, há que ser esquivo, fazer de conta que se é uma sombra ou esconder-se nela.
Se é Inverno, porque é Inverno a raposa tem de se alimentar para ganhar energia e porque prenhe tudo escuta e de tudo come porque pouco há por onde escolher, não porque seja má, mas porque está prenhe e porque se não for ela outro será, dizia a tremer o pobre ratinho.
Nesta pequena selva não há regras, a lei é a do mais forte ou a do mais oportuno em agarrar o passo em falso do mais fraco que o outro, porque, dizia ele, aqui não há seres pouco inteligentes, todos têm de ser empreendedores e a escola é o mundo em que nos puseram os nossos país e para onde não pedimos para vir ou viver. Não há mais ou menos capazes, há apenas oportunidades.
Mas perguntava eu, que vivo nos meus labirintos e que conheço as manhas de muitos bichos que também me querem devorar como ao rato, se me safar muitas vezes é por ser inteligente ou é porque a lei é aleatória, assim como a sorte ou coisa assim chamada?
Sorte?
Diz o guarda rios do alto do arbusto, isso não existe, o que me safou no fim do meu primeiro ano de vida quando me preparava para caçar um pequeno peixe, foi haver sol e ter visto a sombra de um falcão a tempo, passei fome nesse dia, mas safei as penas.
Pois... pensei, de facto, este passou no primeiro ano, o ratinho esconde-se nas sombras e eu escavo cada vez mais fundo, mas alertei, pelo olfacto a fumo que a serra ardia e se cheirava o fumo viria o fogo, porque decerto o vento estava de feição e que num fogo destes, nesta serra cheia de moinhos feitos de metal pelos humanos, nem a sorte, nem a inteligência ou a falta dela nos salvariam e de nada serviu o ano que o guarda rios passou, proque a ribeira secaria ou ficaria envenenada pelas cinzas do fogo...

Divulgue o seu blog!