A chave.

Excelente texto do amigo Antonio Balbino Caldeira :

"A defesa do sistema (através do amigo António Arnaldo Mesquita?) volta ao ataque sobre Souto de Moura, agora por causa de eventuais declarações "off-the-record" da porta-voz da Procuradoria a Octávio Lopes, cujas gravações foram crucialmente roubadas... Não se contentam com a queda de Adelino Salvado, querem a substituição da inspectora Rosa Mota, que coordena os investigadores da polícia e, pela enésima vez, a demissão de Souto de Moura.Jogam em duas linhas: pressionam o procurador-geral para que abandone o cargo e sugerem que o primeiro-ministro e presidente o demitam.

Vamos tentar desmontar os ataques.Em primeiro lugar, afirma-se que Souto de Moura "ainda não reagiu ao caso que está a agitar os meios políticos e judiciais". Ora, a reacção que pretendem é a demissão do procurador-geral. A agitação deve ser a dos socialistas entalados por envolvimento no escândalo e promiscuidades na área judicial. Não parece que tenham sorte também desta vez. O procurador parece frágil, mas é duro como o granito.Numa segunda linha, sugerem que o presidente e o primeiro-ministro se entendam para que o procurador-geral seja demitido.

Ora, a iniciativa do poder de demissão do procurador-geral é do primeiro-ministro: em rigor, o Presidente tem apenas o poder de aceitar ou recusar a nomeação ou demissão do procurador-geral que o primeiro-ministro lhe proponha. Tal como Durão Barroso que nunca propôs a demissão de Souto de Moura apesar de Sampaio a desejar, também Santana Lopes pode seguir a mesma linha do Governo anterior. É uma armadilha preparada para Santana cair, prometendo alívio da barragem de fogo que lhe têm feito.

Santana não cai no buraco que seria o fim do seu ministério.Por outro lado, apesar das escutas no processo terem, segundo notícias, matéria para destituição (impeachment), Sampaio foi atacado de forma vil por Ferro e o seu delfim Costa está longe: o presidente tem muito menos interesse na destituição de Souto de Moura e até pode aproveitar o refluxo político para se arvorar a defensor máximo da justiça que tanto atacou...A investigação há-de continuar. O sistema pedófilo não pode vencer a justiça. "

a que se junta as meditações dos amigos do direitos:

direitos estranha que o Dr. Júdice, bastonário da Ordem dos Advogados, a Dra. Maria José Morgado, procuradora-geral adjunta, ou o Dr. Noronha do Nascimento, juiz conselheiro, não tenham publicamente manifestado uma justificada indignação pelo facto de, tendo desconversado, ao telefone, com um sujeito que vagamente conheceriam, este lhes tivesse gravado as palavras sem o seu consentimento prévio. Ou haverá um consentimento a posteriori com a consequente autenticação que o sujeito agiria visando a satisfação de um relevante interesse público?