segunda-feira, agosto 02, 2004

O mito da produtividade.

"De uma forma simplificada, produtividade é a relação entre o valor acrescentado criado por um trabalhador e a quantidade de tempo despendido para o efeito. O valor acrescentado é habitualmente medido através do preço de venda de um produto, subtraído do custo de todos os materiais usados para o produzir. Parece fácil…

Mas de cada vez que é referida uma produtividade há sempre, em maior ou menor grau, com maior ou menor dose de ambiguidade, um desajustamento entre os dois factores e um insuficiente rigor no cálculo de qualquer um deles. Por isso, quando de diz que a produtividade em Portugal está na cauda da europa, é preciso entender como se fazem as contas e, paralelamente, comparar os números europeus com os dos Estados Unidos.

Quando as indústrias mudam de produtos com frequência e o esforço dos trabalhadores se torna de avaliação mais contigente, a medida não se apresenta nada óbvia. Os valores deveriam ser constantemente ajustados às mudanças de composição da produção, ao invés de permanecerem estáticos.

A genuína definição de produtividade deveria ser o incremento que realmente afecta o bem-estar. Há no entanto uma grande dificuldade em definir e avaliar os dois termos do quadrado, implícito no conceito. Por um lado, o aumento da produtividade pode ser distorcido por alterações da afectação dos recursos (mão-de-obra e capital).
Se uma parcela destes tiver sido deslocada de um sector menos produtivo, isso não terá efeito no bem-estar, mas acaba por ser falsamente registado como um aumento na produtividade. Por outro lado, no cálculo do valor acrescentado, a combinação dos valores usados não é muitas vezes coerente no tempo.

E não raras vezes é ignorada a produção em sectores onde se torna mais difícil conhecer os preços, tais como na construção, nos serviços públicos, no imobiliário ou nos serviços de saúde, o que de igual modo pode afectar a precisão das estimativas.
Por tudo isso, sendo a produtividade um indicador de extrema utilidade, é também um indicador que pode falsear conclusões e criar as maiores ilusões estatísticas. Terá de passar a ser usado com rigor máximo, de modo a evitar que seja uma mera confirmação da catequese do que se pretende pregar.

Sem dúvida, a produtividade será mais significativa se considerada por sector. Tanto mais que nos sectores em que a produção é medida com maior segurança, acontece também haver um mais rápido crescimento da produtividade.
Curiosamente a Comissão Europeia revelou que Portugal ganha na produtividade da UE.
Ganhará? Duvido. Diz a mesma fonte que há um fosso cada vez maior entre os blocos americano e europeu nos indicadores de emprego ou produtividade. Será de facto assim? Claro que não. Há que ver os números à lupa e ninguém os vê, ou não quer ver. Criam-se mitos. Muitos mitos. Que se fazem, se desfazem, que mentem e desmentem."

Rui Camarinha

2 Comments:

Blogger Mulah Omar said...

Amigo Carvalho:

O que se passa com o seu E-mail?

Está atascado de mensagens, ou você mudou de endereço?

Queria só agradecer o sei voto no forumDEF, embora como terá reparado eu tenha perdido.

Cumprimentos,

Rui

segunda-feira, agosto 02, 2004  
Anonymous Anónimo said...

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sábado, fevereiro 17, 2007  

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