segunda-feira, setembro 13, 2004

A morte em directo continua

Quando a morte em directo começa a ser uma banalização na vida quotidiana, já a população portuguesa, habituada secularmente aos chamados brandos costumes vai ficando cada vez mais habituada e insensível a estas "mortes em directo", qual espectáculo de Touros de Barrancos humanos a serem sacrificados ao som de manifestações ululantes.

As catarses portuguesas passam pelo gozo tremendo que lhes dá a visão dos chamados figurões como Vale e Azevedo, Carlos Cruz, o Embaixador ou outros serem colocados em carrinhas celulares a caminho das prisões e penitenciárias nacionais, quais acusados de heresia a serem presente ao Santo Ofício, serem sujeitos a interrogatórios até altas horas da madrugada (a necessidade de se ganharem horas extraordinárias na Adninistração Pública parece também ter chegado aos juízes, após 2 anos consecutivos de congelamento salarial) e serem depois humilhantemente remetidos para as celas do sistema prisional mais mal visto na Europa dos 15.

Ontem mais um episódio de uma morte em directo.

Um jornalista ao serviço da Al Arabhia cobria em directo uma manifestação de iraquianos que manifestavam alegria e tentavam pilhar um blinaddo americano que tinha sido atingido e neutralizado pela resistência iraquiana, em plena Bagdad, a cidade "libertada" e claramente "pacificada" pelas forças do bem.

E eis se não quando um heli de ataque ao solo americano, próximo do local, para evitar a pilhagem do destruído blindado, lança um míssil sobre ele, causando pelo menos 5 vítimas mortais, mais uns quantos feridos.

A morte em directo aconteceu, no país que se diz libertado, e no qual, tirando de parte os mais de mil mortos americanos e 6.00 feridos da mesma nacionalidade, já atingiu a incrível cifra de mais mortes que no tempo da brutal ditadura do regime de Saddam.

Mas tudo isto é banal.

Entalada a imagem entre uma inauguração ou um discurso, e a novela sobre os SMS de Mourinho para a namorada de um Dragão dos 4 costados o que isso importa?

Ou o que importa se no Iraque a nossa companhia da GNR se mantém apenas a guardar o perímetro do quartel italiano, porque não tem preparação nem equipamentos para um teatro de guerra, da guerra que não acaba, desde que a comissão bem paga chegue rapidamehte ao fim, para que a prestação da casa ou a compra do almejado carro seja uma possibilidade?

O que importa mais uma estocada na paz, quando islamistas fanáticos raptam cooperantes civis ou jornalistas ocidentais, em nome de uma estranha luta contra o ocidente, em nome de Alá, quando no ocidente se abatem civis que pulam em cima de um blinado destruído pela resistência?

Ou o que importa a incomensurável tragédia humana que quotidianamente continua a ceifar as vidas de africanos, ou por via de guerras tribais, ou por via da SIDA, da Malária ou do Dengue?

O que importa isso, se agora, mais do que nunca, o processo deocrarático está imparável no Iraque libertado?

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