terça-feira, setembro 07, 2004

O Borndiep e as malhas que o mundo tece

Todos nos lembramos da atitude política pouco digna de um militar, como a do Almirante Vieira Matias que ao tempo do governo de Guterres era Chefe de Estado Maior da Armada, ordenou que a fragata ao serviço da NATO regressasse em protesto contra a falta de verbas para as FA e nomeadamente para a Marinha.

Alegou-se que já nem para o combustível havia dinheiro, ao mesmo tempo que o Exército se empenhou junto da Banca para pagar as refeições aos militares.

A direita política aproveitou-se do facto e disse que o país tinha batido no fundo.

Apesar de entre 1995 e 2001 o país ter crescido económicamente e subido uns bons lugares no ranking do Indíce de Desenvolvimento Humano internacionalmente reconhecido em sede das Nações Unidas.

Agora, com a economia parada há 2 anos consecutivos, com salários congelados há 2 anos e com o desemprego a subir em flecha nos últimos 2 anos, com dificuldades ao nível das FA para acelerar o programa de modernização das esquadras de F-16, com o fim da participação no programa do A-400M, e sem que se avance para a substituição efectiva da actual frota de C-130, com indefinições ao nível do futuro da nossa marinha oceânica, fazendo passar a ideia de que a vinda das duas OHPerry serão a panaceia para as nossas deficiências, com a enorme lentidão na construção dos NPO's, e com dificuldades e indefinições para a constituição do longamente almejado Grupo de Aviação Ligeira do Exército, arranjam-se umas verbas para manter em posição uma corveta há 15 dias no alto mar para vigiar um pequeno batel de hippies liberais.

Estranho, tudo isto, não acham?

Agora sobre a presença do Borndiep:

De facto, nem eu, no fundo da minha ignorância técnica sobre certos aspectos pensaria que as Baptista de Andrade tenham torpedos , mas pelos vistos o Pedro Abrunhosa, a avaliar pelas suas recentes declarações, parece saber de profundos segredos militares .

Em qualquer caso é certo que o "Barco do Aborto" veio por motivações políticas, mas a decisão governamental de interditar a sua atracagem num porto nacional acabou por dar maior visibilidade ao caso mesmo internacionalmente, do que se simplesmente o deixasse atracar, como aconteceu na Irlanda.

O que poderia acontecer, era deixá-lo atracar, a Brigada Fiscal da GNR iria a bordo e confiscaria os medicamentos proibidos em Portugal pelo INFARMED, e assim já não valeria a pena ele zarpar para o alto mar para aí se praticar o aborto.

Acho que o Governo com esta proibição esteve mal.

Quanto ao facto de uma lancha Argos da Marinha, como defendem certos analistas, não conseguir impedir a vinda do navio holandês, noto apenas que se isso se desse, poderia ser encarado como um acto belicoso, e acho que as activistas e o comandante do Borndiep não se atreveriam a furar o bloqueio.

Por isso é que acho que a Corveta está ali a mais.

Por outras palavras:

Se o "Barco do Aborto" fosse de maior tonelagem, então teríamos que empenhar uma ou duas Vasco da Gama, e se se tratasse de um petroleiro, então teríamos que chamar os cruzadores americanos ao serviço da NATO .

Por isso, não me parece que a presença da corveta sirva para mais do que a propaganda dos activistas pró-aborto.

Deu-se-lhes o que eles pretendiam: visibilidade e a transmissão para o mundo da imagem de um país retrógrado.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nem mais caro Mulah.

Noémia

quinta-feira, setembro 09, 2004  

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