domingo, outubro 17, 2004

"Bons" sinais.

"Os jovens imigrantes marroquinos em Portugal sobrevalorizam o islamismo como elemento de identidade. Uma atitude que se verificou logo após o 11 de Setembro, nos EUA, e que se acentuou com o 11 de Março, em Madrid, já que os principais suspeitos são, precisamente, cidadãos de Marrocos. Esta é, pelo menos, a conclusão de uma investigação desenvolvida durante dois anos pelo Centro de Estudos de Antropologia Aplicada (CEAA) da Universidade Fernando Pessoa, e cujo mote era a religião como ancoragem de uma identidade ausente.
O investigador encontrou na imigração marroquina uma distinção «geracional», entre velhos e novos. É como se uns e outros tivessem procedido a «uma reinvenção do ser muçulmano», criando na religião um espaço de resistência e de diferenciação, com formas de responder à «frustração de expectativas que nasceram com a procura de um eldorado e com a tomada de consciência das incompreensões ou de humilhações».A investigação foi feita a partir de uma observação directa e complementada com um inquérito, através de questionário, a 326 sujeitos e uma entrevista a 38 dos inquiridos. Nos resultados sobressai a constatação de que «ser imigrante islâmico adquiriu uma característica relacional particularmente importante», numa comunidade constituída, sobretudo, por vendedores ambulantes, e na qual já começa a ter significado o número de comerciantes com estabelecimento aberto. Mas todos eles têm um elemento comum: nas lojas visitadas pelos investigadores «existia uma televisão onde se sucediam vários canais via satélite de países muçulmanos».
Segundo Álvaro Campelo, este é «um dado novo, muito importante», pois faz com que os imigrantes se sintam próximos dos problemas que ocorrem no seu país como nos de outros povos muçulmanos, partilhando assim sentimentos, aspirações e reivindicações».As opiniões transmitidas pelos canais árabes, muitas vezes adversas ao ocidente, são recebidas com «assentimento geral». O investigador do CEAA diz que, enquanto residentes em países ocidentais, «onde vivem marginalizados, estes jovens são tentados a aceitar acriticamente esses discursos». Não é por acaso que um jovem marroquino, residente em Averomar, assumiu ser contra o terrorismo, mas «não recusa a morte por uma causa, seja a religião ou outra importante para os muçulmanos»."
Eles andam aí.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um texto tão grande só para afirmar que os árabes por cá também estão a ser convertido lentamente à causa Ladesca.

Como vê, um parágrafo chega.

Raúl Ventura Lopes

domingo, outubro 17, 2004  

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