Os animais estão a ficar loucos.

"Não se trata de um circo de animais raros, mas de pura realidade. Peixes hiperactivos, rãs tontas, macacos violentos e gaivotas que caem em pleno voo compõem o triste quadro da fauna actual. O alerta foi dado por um conjunto de especialistas que acaba de publicar um estudo pouco animador na revista Animal Behaviour (comportamento animal). Depois de cinco décadas a despejar substâncias químicas na terra, na água e na atmosfera, chegou a hora de pagar a factura. E vai ser alta. Já se sabia que muitas substâncias químicas alteram a fisiologia sexual de várias espécies, principalmente as aquáticas. A novidade é que elas também provocam uma mudança de comportamento nos animais. Entre outras anormalidades, descobriu-se que são responsáveis pela abstinência sexual, pelo não reconhecimento de hierarquia, pela falta de aprendizagem, diminuição de procura de alimentos, baixa actividade e perda de equilíbrio.

Um dos casos mais flagrantes é o do estorninho macho: canta menos, não faz exibições em voo e baixou, para metade, o tempo que procura alimentos. Outro exemplo é o dos tritões, anfíbios que deixaram de sentir o cheiro das feromonas do sexo oposto. Algo semelhante aconteceu às andorinhas macho, que já não acasalam com as fêmeas depois de terem estado em contacto com doses mínimas do pesticida DDt. Também há gaivotas que perdem o equilíbrio e caem por causa da poluição química. E se exemplos faltassem, os macacos juntaram-se a esta espiral de loucura: tornaram-se mais violentos. "Apesar de tantas evidências, os especialistas em toxilogia teimam e m não as ter em consideração", defende Ethan Clotfelter, investigador da Universidade Amherst, em Massachusetts, e autor de um dos estudos da Animal Behaviour. O especialista diz que os químicos provocam disfunções harmonais e garante que aquilo que os cientistas vêem agora pode ser apenas o primeiro sinal. Os etnólogos do Instituto da Academia de Ciência de Viena acreditam que as substâncias químicas que enlouquecem os animais podem afectar os humanos. Um estudo de 2000 prova que as crianças de quatro anos de uma comunidade mexicana, onde se utilizavam níveis altos de pesticidas, apresentaram problemas cognitivos e de coordenação motora. Também vários rapazes de oito anos, dos Países Baixos, expostos a PCB (policlorobenceno) se comportaram estranhamente, brincando com objectos próprios do sexo oposto. "

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