Quando a esmola é muita...
“Pode-se enganar toda a gente por algum tempo, e algumas pessoas durante o tempo todo, mas não se pode enganar toda a gente por todo o tempo”. Lincoln (1809-1865)
Os portugueses são natural e endemicamente desconfiados! Se aprofundarmos as causas de tais reacções, chegamos à conclusão que nos assiste uma boa parte de razão que justifica tal atitude. No entanto, essa desconfiança não é nova, ela porém, perde-se na “noite dos séculos”. Basta recuar ao Séc. XV e ver o que se passava no entreposto comercial do Forte de S. Jorge da Mina, em que os portugueses traziam especiarias e sobretudo, ouro do Brasil mas que naquele local, quase que por magia passavam para mãos holandesas ou da Flandres. Obviamente que os portugueses da época foram enganados, ou talvez se deixassem enganar. A diferença entre enganar e deixar-se enganar, está tão só na atitude que cada um mantém perante as situações. Os portugueses sempre foram um povo de bem e como tal não suponham que por trás dum negócio que lhes parecia favorável, estava o crivo do engodo que os levaria ao prejuízo.
O tempo passou e de tanto serem enganados, o sentimento natural da desconfiança instalou-se definitivamente entre os portugueses. Daí que não pareça estranho a nossa atitude de prudência e precaução, perante situações que configuram numa primeira abordagem um claro benefício para qualquer de nós. Há cerca de um mês que temos vindo a ser “inundados” por uma publicidade (conheço a televisiva, a de revistas e a abordagem que um destes dias me fizeram numa grande superfície comercial), a um novo conceito de telefone. Uma operadora de telefone móvel, lançou no mercado um telefone fixo sem o incómodo pagamento da taxa fixa que todos temos que pagar ao agente monopolizador do fixo em Portugal. Vai ao ponto (e bem, em minha opinião) de classificar de “monstro” o valor fixo que se tem de pagar só por possuir o aparelho em casa, quer se faça ou não qualquer comunicação. Bom, até aqui tudo bem. Mas como qualquer português....... desconfiei!
Os portugueses são natural e endemicamente desconfiados! Se aprofundarmos as causas de tais reacções, chegamos à conclusão que nos assiste uma boa parte de razão que justifica tal atitude. No entanto, essa desconfiança não é nova, ela porém, perde-se na “noite dos séculos”. Basta recuar ao Séc. XV e ver o que se passava no entreposto comercial do Forte de S. Jorge da Mina, em que os portugueses traziam especiarias e sobretudo, ouro do Brasil mas que naquele local, quase que por magia passavam para mãos holandesas ou da Flandres. Obviamente que os portugueses da época foram enganados, ou talvez se deixassem enganar. A diferença entre enganar e deixar-se enganar, está tão só na atitude que cada um mantém perante as situações. Os portugueses sempre foram um povo de bem e como tal não suponham que por trás dum negócio que lhes parecia favorável, estava o crivo do engodo que os levaria ao prejuízo.
O tempo passou e de tanto serem enganados, o sentimento natural da desconfiança instalou-se definitivamente entre os portugueses. Daí que não pareça estranho a nossa atitude de prudência e precaução, perante situações que configuram numa primeira abordagem um claro benefício para qualquer de nós. Há cerca de um mês que temos vindo a ser “inundados” por uma publicidade (conheço a televisiva, a de revistas e a abordagem que um destes dias me fizeram numa grande superfície comercial), a um novo conceito de telefone. Uma operadora de telefone móvel, lançou no mercado um telefone fixo sem o incómodo pagamento da taxa fixa que todos temos que pagar ao agente monopolizador do fixo em Portugal. Vai ao ponto (e bem, em minha opinião) de classificar de “monstro” o valor fixo que se tem de pagar só por possuir o aparelho em casa, quer se faça ou não qualquer comunicação. Bom, até aqui tudo bem. Mas como qualquer português....... desconfiei!
Numa ida a uma dessas grandes superfícies fui abordado por agentes desse operador que me explicaram o ‘modus operandi’ do produto. De facto, a taxa fixa passa para taxa móvel. Passo a explicar. Existente duas modalidades de pagamento: uma que é a chamada pré-pagamento ou recarregamento, que obriga a carregar um cartão de dois em dois meses com 25 Euros, valor este que será consumido nas comunicações que se fizerem; a outra é a chamada pós-pagamento ou factura mensal, em que obriga a carregar com 12,5 Euros mensalmente, sendo que se não consumir em chamadas os valores dos carregamentos obrigatórios ele poderá ser utilizado nos seis meses seguintes, caso não utilize durante esse período, perde-se esse valor. Se tivermos presente a campanha, sobretudo a televisiva, a ideia que fica desde logo “clara” é a de que só se pagará o que efectivamente se consome, mas como se viu não é nada disso.
As estratégias de marketing, onde hoje todas as empresas investem fortemente, obrigam a um plano agressivo no sentido de rentabilizar a própria campanha e os produtos que lhe estão associados. Adicionalmente uma boa campanha de marketing, bem definida e estrategicamente colocada no mercado, consegue ainda outro objectivo – cria notoriedade à marca ou à instituição que a patrocina. Neste caso, penso que a estratégia escolhida foi errada. Se de facto a ideia é criar tráfego nos pontos de venda ou de divulgação desse produto, só por si não justifica. O tráfego deve ser criado mas com uma finalidade que não lhe seja contraproducente, isto é, que não desmobilize aqueles que aí acorreram e que depois desiludidos com as condições gerais do produto, acabem por não aderirem e pior ainda, passarem uma mensagem de desabono e desalento. Em minha opinião, toda a estratégia de marketing deveria abordar os pontos essenciais e diferenciadores dos concorrentes, e não guardar pormenores de tão importantes que são, acabam por ser decisivos.
Para mim e estou certo que para muitos portugueses, foi! Duma perspectiva inicialmente optimista, depressa passei para o cepticismo quando percebi o funcionamento total do produto. È que “quando a esmola é muita, o pobre desconfia” e é por estas e por outras, que vamos sendo cada vez mais um povo de desconfiados.
António Gaspar
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