sexta-feira, janeiro 14, 2005

Pobre país.

"Um homem exibindo o bilhete de identidade caducado de Américo Piçarreira deu ontem uma entrevista à SIC, algures na zona de Lisboa. A câmara escondeu-lhe a cara. Notava-se o cabelo curto e a mancha de um bigode cerrado. O entrevistado apresentou-se como o verdadeiro Piçarreira, o triplo homicida de Vale das Casas, e garantiu que nunca teve qualquer contacto com o Fórum Prisões desde que anda a monte de Vale de Judeus, já lá vão duas semanas. “Não falei com psicólogos, nem com Guilherme da Silva, nem com Romeu Francês”, disse ele. Negou ainda que alguma vez tivesse dado uma entrevista, fosse a quem fosse. Na segunda-feira, dia 10, o porta-voz do Fórum Prisões, Guilherme Pereira, contactou a redacção do CM. Estava preocupado com a delicada situação em que se encontrava Américo Piçarreira: um homem acossado, com medo, que merecia ser ajudado pelo Forum Prisões, uma organização sem fins lucrativos fundada por ex-reclusos. As informações que eu tenho do Fórum Prisões é que o recluso terá desaparecido do contacto com o membro do Fórum prisões pelas 06h30 da manhã de hoje (ontem)”, justificou o advogado Romeu Francês ontem à SIC. Anteontem o CM noticiou uma entrevista com o causídico, que informava que, a pedido daquela organização, Romeu Francês ia patrocinar Américo Piçarreira, para garantir a sua entrega voluntária dentro da “legalidade”. Nesse mesmo dia, em conferência de Imprensa, o advogado admitiu mesmo uma reabertura do processo do triplo homicida, alegando que tinha dúvidas sobre a sua “imputabilidade”. Garantiu ainda confiar “nas pessoas que afirmavam estar com ele” e que diziam que se queria entregar. No entanto, ontem, o advogado confirmou estar à espera que o apresentassem a Américo Piçarreira. “Nunca falei com esse recluso”, confessou."

Só neste país um assassino é elevado à condição de herói, dificultando a tarefa dos pais para convencer os filhos que o trabalho honrado compensa. Para ficar perfeito, só falta aparecer no programa do Herman e escrever as memórias. Mais. Se havia dúvidas sobre a legitimidade de uma organização constituida por ex-reclusos a quem foi concedido um "trabalho" leve para facilitar-lhe a integração, elas dissiparam-se.

Eis, também, um brutal exemplo da comunicação social que existe neste país. Em vez de entregarem um perigoso cadastrado, elevam-no à categoria de herói e escudam-se no sigilo profissional resultante do interesse público de informar. Quanto ao advogado, nem vamos comentar.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Eu é que sou o verdadeiro Américo Piçarreira e nunca matei ninguém, nem falei com psicólogos, nem com Guilherme da Silva, nem com Romeu Francês, nem dei entrevistas à Sic.
Se um dia vir algum desses impostores, eles vão-se haver comigo.

E isto não fica assim. Vou pedir aos amigos Marretas para divulgarem publicamente neste blog «Américo Piçarreira - The True Story»

Cordialmente
Américo Piçarreira

sexta-feira, janeiro 14, 2005  

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