Debate de ideias... mas aqui, às claras!
Já aqui o disse: sou autor a primeiro subscritor de uma moção ao XXº Congresso do CDS-PP.
Coloquei-me à disposição de um debate. Jo@o respondeu, mas o diálogo ficou lá pelas catacumbas dos comentários.
Aqui fica, pois, às claras... como deve ser!
Coloquei-me à disposição de um debate. Jo@o respondeu, mas o diálogo ficou lá pelas catacumbas dos comentários.
Aqui fica, pois, às claras... como deve ser!
Disse Jo@o:
Se a ideia é "discutir ideias", a patética pobreza das mesmas salpicadas pelo texto, não augura que nada de fértil emerja do Congresso. Vejamos:
A retórica de exortação que perpassa pelo texto até onde diz "a verdade compensa" é estafada e não acrescenta nada de original. Mostrando-se eventualmente eficaz, isso só demonstra o estágio de menoridade cultural dos destinatários.
Mutatis mutandis, é o equivalente ao serôdio chavão "a luta continua", lá dos antípodas. Tirando o acto de contrição e a lamúria-que-tardava sobre o ex-parceiro, termos como "combate, mobilização, afirmação da diferença, iniciativa, coragem, modernidade", são tudo palavreado oco, sem substância.
A substância esboça materializar-se no parágrafo que inicia "Apresentamo-nos como disponíveis". E que se vê aí? Anunciam-se 3 Causas, mas depois nada se concretiza, à excepção do já clássico pendão anti-aborto, que, sendo uma herança, não é nenhuma novidade. Dir-se-ia um Bloco-de-Direita, a escarafunchar temas fracturantes para ganhar oxigénio. Sugiro que acrescentem outros mais fora de moda, como por exemplo defender a energia nuclear. Ou até o lince da Malcata. Não é fracturante mas é bonito. E sempre dá um certo charme ecológico.
No parágrafo que começa com " Na mesma moção", explica-se 1 das Causas omitidas no parágrafo anterior: a descentralização. Que ideia inovadora. E tão original como o bolo de arroz. A seguir às Causas, seguem-se as "bandeiras": económicas e sociais. A parte económica é fértil em Novidades: ora é uma nova abordagem, ora é 5uma nova cultura disto, ora daquilo. Como se cultiva essa cultura? A resposta lá está, qual nabo no meio da horta só com a verdura de fora: uma taxa única de impostos, em que o Belmiro paga a mesma coisa que o Zé Barnabé. Como equidade não está mal visto, e é democrático que se farta. Quanto à forma como se pretende aproveitar a globalização para fazer emergir uma "nova cultura" empresarial, mistério. Talvez venha a seguir, na nova doutrina social. Ah, cá está uma pista. Pretende-se substituir o assistencialismo aos pobres, doentes, desempregados e outros desvalidos, por um assistencialismo aos pequenos empresários. É uma verdadeira revolução cultural: substitui-se o Princípio da Solidariedade pelo Princípio da Liberdade evitando que o Estado tenha o monopólio dos pratos de sopa do Sidónio. É o mercado a funcionar. E como é sabido, a sopa do privado tem muito mais massa.
Segue-se uma pausa para jogos geométricos, e o texto depois termina problematizando a sequência dos vários pontos da ordem de trabalhos.
Caro J Titta, não leve a mal o meu comentário; afinal você é que pediu.
Desejo-lhe felicidades para o Congresso. Espero que definam finalmente e de vez o vosso espaço natural, mas a julgar pelo seu texto temo por uma derrapagem que só não é totalmente liberal porque afinal o Estado ainda tem algum leite para se mamar. Porém, como estratégia diferenciadora, advogar o direito de teta para os empresários parece-me ineficaz, porque é dispensável consagrá-lo e consagrá-lo em letra!
Não satisfeito com o que lia, respondi:
Jo@o, reparou que estava a ler a apresentação da moção e não a Moção... ou ficou-se por aqui?!?
De imediato a réplica:
Bem, eu presumi que as citações estão em itálico e entre aspas, e que o resto é texto seu. Estarei enganado?
Respondi:
Jo@o,
As citações são discurso directo que anuncia e (por vezes) cita o texto da moção. O que eu me referi é às suas dúvidas sobre as propostas (entenda-se o seu desenvolvimento).
Pretendo discutir ideias... e, por isso, apresentei uma moção que julgo convenientemente densa e fundamentada ideologicamente.
A exortação sobre a Virtude de dizer a Verdade pode ser exortação, mas a sua repetição não deixa de ter utilidade quando é o meu propósito e recordá-lo pretende marcar a diferença pelo compromisso público que faço.
Mutatis mutandis, aprendi eu, quer dizer "vice-versa".
A substância das palavras não se mede pela retórica, mas pelo seu uso radical, sentido e vivido. Pelo menos dê-me o benefício da dúvida.
Sobre a "lamúria-que-tardava", tem razão... mas os factos públicos demonstram a verdade e a consistência da afirmação: não é verdade que foi o PSD quem, em Congresso, atacou a coligação?!? E que, em parte, foi fundamento invocado por Jorge Sampaio para exercer o poder de dissolução sobre um parlamento com maioria absoluta?
O posicionamento do meu Partido nesta questão faz com esta seja uma nossa causa, que inscrevemos como marca CDS: somos o único partido parlamentar que tem uma posição oficial pró-Vida. Os outros ou são claramente pró-aborto ou então optam por ser "maria-vai-com-a-maioria-para-que-não-me-comprometam"!
As sugestões: talvez a energia nuclear não seja uma causa a abraçar... principalmente porque há outras fontes energéticas à nossa disposição, mais baratas e que menos colocam em causa a herança de um País que recebemos e que temos o dever de deixar melhor e mais rico... apesar de o termos recebido amputado de História, terras e gentes (mas essa é outra estória)!
A descentralização pode não ser novidade no nomen, mas talvez o seja no conteúdo. Por descentralização entendo a recuperação da tradição municipalista perdida aquando do "liberalismo oitocentista". Por descentralização entendo a devolução às populações de atribuições e competências em matérias como a Educação e a Saúde. Por descentralização entendo um movimento pela Liberdade contra os uniformismos esquerdistas...
Quanto às Causas.
A parte económica. Ninguém pretende cultivar nenhuma cultura, mas apenas repor modelos de comportamento sustentados e garantidos pela aplicação da Lei. Não se inventa nada, apenas se procura reentregar aos agentes económicos a certeza de que a seriedade compensa porque os "esquemas" e os "compadrios" não seriam aceites. Como Conservador que sou, não construo, apenas reponho (através da Lei e da Ordem) as condições adequadas e sei que os procedimentos adequados emergirão naturalmente. Acredito numa Ordem Expontânea e rejeito a Ordem que resulta da planificação... quaisquer que sejam os objectivos e a bondade de que se arroguem!
A taxa única não recupera a cultura... a taxa única é uma condição de seriedade, de melhoria das condições de vida dos contribuintes que trabalham e de competitividade da nossa economia. O "Belmiro" não paga o mesmo que o Zé Barnabé... pois, actualmente, é bem provável que o Zé pague mais do que o "Belmiro"... e este ainda receba subsídios!
Quanto à equidade: se o montante de imposto resulta da cobrança (sem isenções ou deduções) pelo que gasta, parece evidente que o "Belmiro" gasta (ou manda gastar em seu proveito) mais do que o Zé... logo pagará mais impostos! Certo?!?
E se todos pagarem (e os impostos sobre o consumo são os menos "fugíveis"!), todos pagarão menos e o Estado arrecadará mais. Certo?!?
Quanto ao proveito da globalização ele é evidente e está explicado: vários são os países que dela beneficiaram (e todos com economias semelhantes à nossa) e julgo que, nesse aspecto, são exemplares!
Quanto ao Assistencialismo. Vai desculpar-me, mas continua a tresler... isso ou é má vontade ou um problema de diopetrias! Se os destinatários da minha proposta são os pobres como pode ver nisso empresários?!? Deve estar a pensar noutra coisa mas não no que está escrito na moção. Eu defendo que, ao invés de subsídio pelo desemprego se crie apoio ao auto-emprego. Em vez de dinheiro para a "calanzisse", eu proponho empréstimos para que os desempregados possam iniciar uma actividade que lhes dê sustento. Quanto aos doentes, desafio-o a demonstrar onde é que eu defendo o desaparecimento do apoio a eles?!? O que é que acha que são os que mais precisam?!? Mas pelo que leio as suas espectativas quanto ao papel do Estado resume-se à "Sopa dos Pobres"...
Finalmente, não percebi a dos "jogos geométricos"... mas também não se me pode pedir tudo!
Caro Jo@o, é claro que não lhe levo a mal o comentário... assim não me leve a mal a resposta!
Obrigado pelos votos de felicidades... que, naturalmente, devolvo em dobro!
E está por aqui... aguardando novas réplicas... e novos intervenientes!
Um Abraço a todos,
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