Ele há filhos e enteados...
Vive-se mal em Portugal! Cheira a impunidade, há um nauseabundo odor de compadrio, tresanda a duplicidade de critérios, fede a injustiça.
Por estes dias, descobrimos que, afinal, morreu a vida para além do deficit. Quer isto dizer que Sua. Exa., o Senhor Presidente da República andou distraído? Já lhe incomoda o estado do Orçamento? Afinal V. Exa. ainda se lembra que quem governa precisa de solidariedade institucional? Mas importava que se recordasse que, a bem do País, esta é uma exigência no relacionamento entre titulares de cargos de órgãos de soberania e não é devida apenas entre camaradas pink. Será que só eu vejo a duplicidade de comportamento do Dr. Jorge Sampaio? O que defendem outros, como o Dr. Soares, não me incomoda: fazem o que sempre fizeram e não têm responsabilidades formais que lhes exijam isenção e solidariedade institucional. Agora não vos incomoda que o Dr. Sampaio, no exercício das suas competências, haja calado (e por isso, foi cúmplice) com o “pântano guterrista”? Onde estava Jorge Sampaio quando o PS desbaratava o que recebeu: um País com contas equilibradas, num momento de crescimento económico mundial e onde entraram € 7.000.000.000.000 de fundos comunitários?
Como foi possível que o PS haja entregue um País em tal estado que a primeira tarefa da anterior maioria foi, em 2002, tratar das contas de 2001. Repito de 2001. Um ano da exclusiva responsabilidade do PS! E o verdadeiro problema não era tanto as contas, mas as circunstâncias que causaram o desequilíbrio orçamental: o assumir de compromissos sem razão e sem sentido que, inelasticamente, onerarão o Erário Público por um longo período futuro. Onde estava o Dr. Jorge Sampaio que se esqueceu de avisar os seus camaradas dos perigos que as suas trapalhadas causariam no País? Andava distraído ou sem inspiração para os seus sibilinos e confusos discursos, do tipo “viró-disco-e-toca-o-mesmo”!
Quando no período da governação da anterior maioria se disse que a resolução do problema do deficit passava pela alteração da estrutura da despesa, o Dr. Jorge Sampaio juntou a sua voz ao coro de “pitonisas das receitas”, que bradavam que o problema era a evasão fiscal. Agora empresta o fato presidencial e junta-se à mise-en-cène que, uma vez mais, nos quer vender que o problema do deficit só é resolúvel pelo lado das receitas (leia-se, aumento dos impostos). Falso! Falso e perigoso... Mas, como noutros momentos, funciona a confraria dos media complacentes: volta a sentir-se uma conveniente ormetá!
O mesmo silêncio cúmplice e não inocente que já se sentia durante a anterior maioria e que permitiu qua só a oposição tivesse tempo de antena. Que possibilitou (e estimulou) a tentativa de linchamento público de um político, apenas porque era testemunha de um processo. Mas que hoje, como ontem, permite que todos se calem perante as suspeitas que decorrem dos casos Freeport e Nova Setúbal! Na altura, dizia-se que alguém havia sido escolhido para ministro da Justiça para interferir num processo que já estava nos tribunais. Mas agora ninguém fala das actuais escolhas e que, em ambos, as questões ainda estão em fase em que as interferências se podem fazer sentir. Espantoso como se fazem manchetes sobre uns e não sobre outros: até a piedade para com sobreiros é selectiva!
Mas também há um cúmplice silêncio quando a questão é, voltemos ao tema, o deficit! Quando é que dizem que o tal número, os -6,83% é uma estimativa sobre os resultados esperados do exercício de 2005. Repito: 2005, período da total responsabilidade do PS: até Março, com a tutela do PR; desde então numa irmandade PR/Governo, numa “união tão unida” que até as pedras se comovem! Dessa responsabilidade o PS não se escapa. Nem o PR. Ou estarão esquecidos que, antes da dissolução, os indicadores económicos (e os comentadores eram unânimes) indicavam um ténue mas evidente início da retoma? E que a pessoal e constitucionalmente infundada decisão de dissolução teve consequências económicas graves ao nível das expectativas e da confiança dos agentes económicos? E julgam que nos esquecemos que o actual PM, enquanto líder da oposição, disse que não alteraria nada no actual Orçamento porque com ele concordava? O mesmo Orçamento que agora tem um desvio de execução estimado nos tais -6,83 %. Porém, para que um tal deficit não se verifique, o PS só tem que apresentar e aprovar um Orçamento rectificativo (lembram-se quando eles apresentavam 4 rectificativos num ano só? Voltámos ao mesmo...). Problema é que só há uma de duas soluções: ou aumentam as receitas (subida dos impostos, portagens nas SCUTS, etc) ou contraem a despesa (e acabam-se as inaugurações). Em ambos os casos, em vésperas das autárquicas, dificultariam a vida aos seus candidatos!
É ensurdecedor este silêncio. Do Governo, do PR e dos media. E depois queixam-se de perdas de leitores. Além disso que diferença há entre a Quinta das Celebridades e o actual clima dos media? Em ambos dá-se demasiada importância a “vedetas” em final de carreira, fazendo-lhes crer que têm algo de interessante e importante para dizer ao País. Assim, o que é que querem? Os (e)leitores não são estúpidos e entre a ormetá cor-de-rosa e a exuberância do José Castelo Branco, escolhem este. Pode dizer-se que ele é exagerado, mas pelo menos é mais honesto: não esconde o que é, nem que só está p’ró espectáculo!
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