O "ARRASTÃO" E A MANIFESTAÇÃO DA F.N.
Entretanto está marcada para 18 de Junho uma manif. de extrema direita em Lisboa.
Quem a convocou é a Frente Nacional, organização informal próxima do Partido Nacional Renovador (PRN)Mais uma vez se assistirá os mesmos jargões do costume, do tipo "Portugal para os portugueses", "pretos para África", etc.
O que aconteceu em Carcavelos, e que foi o motor para esta convocatória, não foi um acto de racismo, nem foi um ataque de pretos contra brancos, já que muitas das vítimas também foram africanos. O problema é a falta de capacidade de integração social e económica dos muitos emigrantes recentes que Portugal (um país pequeno) tem recebido nos últimos 10 anos.
De facto esta é um situação de difícil resolução. Mesmo as quotas só servirão para o futuro, porque para já é necessário integrar os que já cá estão, na periferia das grandes cidades. E o mais complexo é que os mais problemáticos são os filhos do imigrantes.
Os que já cá nasceram que parecem ter problemas de integração na escola e na sociedade, já que os pais deles são normalmente gente de bem, e trabalhadora que imigrou para cá, como no passado muitos portugueses sairam de cá para procurar melhor vida lá fora.
São os filhos deles que têm dado problemas num fenómeno comum a Londres e Paris, mas que em Lisboa parece ser novidade. Mais trabalho para as entidades como as Câmaras que devem evitar a criação de guettos através de bairros sociais integradores e não de má qualidade, e isolados da restante comunidade de portugueses, e das instituições que têm trabalho de campo nestas áreas.
Um trabalho de "filigrana" e demorado.
E no final, depois dessa condições serem criadas, se houver quem se comporte com espírito de gang, porrada para o lombo, que de vez em quando não faz mal a ninguém.
E se nessa altura um jornalista politicamente correcto vier clamar por violência policial, que se diga que o pobre rapaz apenas teve a infelicidade de escorregar pelas escadas, quando ia entregar uma carteira que "encontrou" caída no chão.
Quem comete um crime deve ser punido, até porque nesses bairros, a maioria são gente honesta e é uma minoria de "gandins" que suja a imagem de toda uma comunidade. Não estou a afirmar que há desculpas, e se alguém rouba ou agride, deve ser punido por isso.
Aliás eu defenderia que a responsabilidade criminal descesse dos 16 para os 14 anos, para evitar a impunidade de muitos crimes de rua. O que eu acho é que a montante da parte do crime e da polícia, deve haver uma política social de prevenção dessa mesma criminalidade, porque a Polícia não dá para tudo.
Este é de facto um assunto de grande complexidade.
Pode-se argumentar que as esquadras estão cheias de agentes que fazem trabalho administrativo, em vez de andarem na rua.
Se os polícias que fazem trabalho administrativo estivessem na rua, para o seu lugar haveria que ir outros funcionários públicos, e como se sabe, os FP são os novos judeus da nossa sociedade, abominados por todos, e considerado como a fonte de todos os males, e só se fala em redução de custos e de pessoal.
As políticas sociais, por vezes são baratas, porque se recorre muito ao voluntariado, e se houvesse maior investimento na Educação, talvez se pudesse poupar mais e polícias, e baixar a seu tempo a criminalidade de rua.
No tempo de Guterres os partidos mais à direita clamavam contra a insegurança e exigiam mais polícias e mais meios.
Depois desse investimento em meios e em homens, a criminalidade continuará porque a raiz do problema não foi resolvida, e não se pode pôr meio país na prisão (que aliás está cheia de vícios e de prisioneiros). Mas não existem varinhas mágicas que resolvam estes problemas.
Os meliantes que estiveram em Carcavelos já foram identificados e alguns estão detidos. Mas o problema social por detrás permanece.
Acredito que se tem que combater as causas a montante, porque no final, se a porrada é necessária, e eu concordo em parte, isso não resolve o problema de fundo. No Brasil a Polícia não é nada meiga, como também nos EUA, e até já vi policias a executarem criminosos na rua, e não foi por isso que a criminalidade baixou no Brasil ou os EUA.
Porque o problema de fundo permanece, com guettos nos arredores das grandes cidades, constituídos por pessoas que não se identificam com a sociedade, que não estão inseridas e integradas. A 1ª geração de imigrantes africanos cá integrou-se bem, é trabalhadora e pacífica e é a 2ª e mesmo em alguns casos 3ª geração (os seus filhos) que não se conseguem integrar, e isso é responsabilidade do estado e da Sociedade, oferecendo meios de integração e um sistema de ensino melhor.
De outra forma a política do cacetete apenas reprime, mas não resolve. Outro facto, é o de que país não poder ser mais um país de portas abertas, até porque é pequeno e o tempo de integração é longo. Acho pessoalmente que as policias e os governos deveriam estar mais atentos a essas realidades, em vez de passarem a vida a fazer rusgas nas casas de alterne para apanhar e repatriar brasileiras e ucranianas ilegais.
Em qualquer caso o que se passou em Carcavelos, apesar de muito grave, parece que não teve a dimensão que a comunicação social lhe deu. Mas o problema mantém-se e pode piorar.
Independentemente de terem sido 500 meliantes, ou 50, como agora o Director Geral da PSP afirma, o problema foi de grande gravidade. Mas parece que de facto houve falta de comunicação entre as "antenas" nos bairros e as policias.
Mas também acredito que esse assunto possa estar a ser discutido, para prevenir futuras situações do género. Foi como o famoso "gang" da CREL há 5 anos. Acabou por ser desmantelado facilmente, mas na altura a comunicação social ampliou a coisa de modo a que a população pensasse que se estava em Beirute.
Julgo por tudo isso que a manifestação da Frente nacional convocada para amanhã será mais uma forma de deitar ainda mais lenha para a fogueira, considerando do mesmo modo que organizações como o SOS Racismo, próximas da chamada “esquerda caviar” também se poderia manter mais quietas, em vez de quererem aproveitar este momento para mais uma exposição mediática que apenas beneficiará os seus lideres.
No final, a pobreza e a exclusão manter-se-ão, bem como a criminalidade associada.
Nada mudará.
Em vez de se gastarem energias em manifestações e contra-manifestações, porque não trabalhar construtivamente e procurar soluções que não passem pela expulsão dos imigrantes, isto num país de emigrantes?
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