quinta-feira, junho 30, 2005

Um dia a verdade verá a luz…

Já não há como escondê-lo. Este é um governo que segue os piores ensinamentos da cartilha do neo-socialismo: é um “faz-de-conta-que-afronta-os-interesses-instalados” que ataca por um lado para ceder ao primeiro confronto com o olhar desafiador do “monstro”! E se dúvidas houvessem, é ver como recuou no combate pela moralização das remunerações dos titulares de cargos políticos (questão com valor emblemático mas escassa relevância orçamental): quando os seus o afrontam garante-lhes a manutenção de incompreensíveis tenças apenas prometendo acabar com as dos vindouros. Espantosamente, ou talvez não, apenas afronta as remunerações dos titulares políticos eleitos, limitando-se a ameaças pífias de diminuição de férias para os Juízes.

Este governo já mostrou tudo aquilo para que vem. Por um lado, para garantir os réditos dos actuais subsídio-dependentes que controlam o “bloco-central dos interesses”. Por outro, para alargar o número dos dependentes da “cevadeira” do orçamento de Estado alimentado pelos contribuintes. Só assim se compreende a opção pelas neo-nacionalizações (de uma só vez, todos os contribuintes foram obrigados a comprar, mais de 20 milhões e através de uma empresa falida - a CP –, uma fábrica sem mercado – a Bombardier), ou que haja aumentado a taxa máxima de IVA em 2 % (diminuindo a capacidade exportadora de algumas das nossas empresas e dificultando a vida de todos) para obter um aumento de € 400 milhões na arrecadação de imposto... menos do que o aumento de despesa previsto no Orçamento de Estado rectificativo para o ministério da Educação e a gastar em remunerações por progressões na carreira (as mesmas que o Governo diz ter congelado... talvez no Inferno!).

Só neste âmbito se poderá compreender o objectivo do aumento do IVA. Em termos de eficácia no combate ao défice, o aumento de 2% na taxa máxima de IVA reduz o défice em... 0,28%! Mas todos iremos sentir nas carteiras esse aumento... e, por isso, as expectativas de todos numa melhoria da situação caíram por terra.

Este é um indício de que se tem a certeza quando consultamos os níveis de confiança dos consumidores. Que caíram a pique a partir do momento em que o Dr. Sampaio decidiu inovar as funções do PR num modelo semi-presidencialista, julgando-se competente para “impor condições” e “manter sob vigilância” um governo legítimo e que dispunha de uma maioria absoluta. Não só não podia como não devia: a agravação das condições macroeconómicas é da responsabilidade do Dr. Sampaio e do PS. Porque no momento do descalabro orçamental nada disse e nada fez. Porque, olhando à cor partidária, directa ou indirectamente impediu que a maioria de centro-direita pudesse governar: vetando opções políticas legítimas; atrapalhando propostas legislativas coerentes com o programa aprovado por maioria absoluta dos deputados; proferindo discursos de desafio ao Governo; negando o apoio institucional devido. Estas primeiras décadas do séc. XXI serão por algum tempo recordadas com a “Sampaiada”. São o exemplo da “parcialidade saloia” e do “portuguesismo parolo” que só existe nos adeptos de futebol: tudo vale desde que sejam os nossos a ganhar!

Se alguma coisa de útil se retirará desta tempos é que, ou muito me engano, ou o modelo actual do semi-presidencialismo morreu. As próximas presidenciais elegerão um PR que será o líder de uma facção: ou S. Bento permite que se governe a partir de Belém ou o PR, pelo exemplo da “Sampaiada”, sentir-se-á legitimado a interferir na governação ou a exercer os seus poderes contra S. Bento!

Um dia a verdade verá a luz... e a Democracia portuguesa vai ser acusada de culpas que não tem: o mau uso ou o abuso de competências que são atribuídas por vontade do Povo deveriam merecer mais ponderação. Quando um dia os portugueses perceberam como se manipulam as opiniões. Quando um dia perceberam que há algo que une e comanda muitos daqueles que aparentemente de tudo discordam, nesse dia os portugueses não sei o que farão: incrédulos, calar-se-ão... ou revoltar-se-ão ao sabor dos demagogos do costume, verdadeiros especialistas de enganos (que dirão tudo deve mudar... para que – eles bem o sabem – quase tudo fique na mesma)?


João Titta Maurício

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