sexta-feira, julho 22, 2005

Ainda o arrastão.

"Cerca das 14h00, de acordo com o relatório policial, começaram os desacatos na praia apinhada de gente: “Gerou-se um ambiente de pouca tranquilidade provocado por distúrbios entre indivíduos de origem africana e outros de nacionalidade brasileira e ainda indivíduos de Leste”. O grupo que a Polícia estima em “400 indivíduos”, e ocupava a parte central da praia, envolveu-se em “inúmeras incivilidades generalizadas” – como “correrias, danças ao som de música alta, jogos com bola, linguagem grosseira, assédio a outras pessoas, desafios verbais e atitudes intimidatórias”. Ainda segundo a PSP, praticaram furtos e roubos. As “incivilidades” foram confirmadas por “elementos policiais que patrulhavam a zona” e “chamaram reforços para o local”. Cerca de vinte minutos após o alerta, os reforços da PSP começam a chegar à praia. Neste momento, segundo o relatório da PSP, um grupo de “cerca de 30 indivíduos” começou a “correr pela praia” a “tentar apoderar-se de alguns objectos deixados por alguns banhistas”. O superintendente Oliveira Pereira admite no relatório que “terão ocorrido agressões, furtos e roubos bem como alguma acção conjugada por parte de cerca de “30 indivíduos”."

CM

Resumindo: houve alguma acção conjugada por parte de cerca de 30 indivíduos que resultou em agressões, furtos e roubos mas que não pode ser apelidado de "arrastão" mas sim de "incivilidades generalizadas".

Nunca disse que havia centenas de assaltantes. Disse, e continuo a dizer, que aconteceram todos os assaltos e agressões praticados por um grupo de dezenas de pessoas. Quem falou em centenas foi a polícia.”

As pessoas preferem pôr a cabeça na areia e fingir que não aconteceu. Mas aconteceu. Se não fosse nada, como dizem, por que razão vieram reforços policiais e da Polícia Marítima? Por que razão houve centenas de chamadas para a esquadra da polícia? Nós não fomos os únicos a telefonar.” Carla não esconde a “tristeza” com as notícias dos últimos dias. “O meu irmão deu entrevistas e agora tudo o que ele disse está a ser posto em causa. Sem razão nenhuma”, lamenta."

Houve confusão, houve assaltos e não foi a primeira vez. Não há queixas? As pessoas não acreditam. As coisas nunca vão aparecer... No ano passado, no mesmo dia, já tinha acontecido uma coisa assim. E, infelizmente, o tempo vai demonstrar a verdade."

"Tem trinta e um anos este brasileiro da Baía. “Grupos a roubar na praia não é ‘arrastão’? As pessoas fugiram do areal e houve alguns bares que fecharam a porta. O pior é que a polícia não pode fazer nada. No Brasil, quem participa num ‘arrastão’ não volta a fazê-lo.”


Quem lá estava sabe o que viu. E não é a primeira vez. Mais. Enquanto no Brasil quem participa num arrastão é punido, em Portugal recebe a visita do presidente da República.

"Sabe-se hoje que não foram 400 jovens, mas, sim, 30 a 50. Mas a questão aqui é a de uso político que Diana Andringa faz sem cumprir as regras do jornalismo, embora ela diga que sim, que usou técnicas jornalísticas. A verdade é que não me ouviu e também não ouviu ninguém na RTP. E essa, sim, é uma regra básica do jornalismo”, refere José Carlos Castro, jornalista da TVI, que admite mover um processo judicial a Diana Andringa".

Quando nos lembramos do cartaz do BE "Eles mentem, eles perdem"...

"António Costa, ministro da Administração Interna, e António Capucho, presidente da Câmara Municipal de Cascais, reuniram-se de urgência a 11 de Junho, sábado, poucas horas depois dos incidentes ocorridos na praia de Carcavelos. O autarca queria ouvir da boca do ministro que seria reforçado o policiamento nas praias. E conseguiu. “A dimensão do fenómeno de sexta-feira não podia ser prevenida”, disse António Costa, ao anunciar o reforço de polícias e a instalação de câmaras de videovigilância fixas e móveis. "

CM

Apesar de "nada" ter acontecido, António Costa reuniu-se de emergência com o presidente da Câmara de Cascais e adimitiu que houve um fenómeno e que era necessário evitar a repetição deste fenómeno.

"A agência de notícias Lusa, através do subdirector de informação, António Bilrero, rejeita a acusação de ter existido pressão sobre a Polícia de Segurança Pública durante o processo de recolha de informação sobre os assaltos verificados no dia 10 de Junho."


Quando se souber a verdade ... Mas o que nos dá mais gozo é haver ainda quem acredite que não houve arrastão e alinhe neste paternalismo racista.


Pergunta: o que fazem aquelas dezenas largas de polícias em prevenção e de serviço às estações?

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