terça-feira, julho 12, 2005

A falácia da morte do mensageiro.


Como já aqui referi, até o cidadão mais distraído verificou que, durante todo o processo Casa Pia, foram cometidos verdadeiros atentados à lei e até ao próprio Código Deontológico dos Jornalistas. Isto para não se falar dos atentados ao bom-senso, ao bom gosto e à isenção.Mas a auto - desresponsabilização dos “media” é impressionante. Dizer que compete aos agentes judiciais e judiciários, às polícias, aos juízes, aos funcionários e aos advogados em contacto com o segredo a responsabilidade de zelarem por que ele seja preservado é fugir à própria responsabilidade. Dizer ainda que "no caso da famosa carta anónima, parece evidente que os jornalistas foram, como muitas vezes acontece, meros instrumentos de fontes com propósitos bem mais criminosos do que os deles" é dizer que o mensageiro é "graniticamente bronco" sem "capacidade de discernimento intelectual e ético".

Mas sabemos perfeitamente que o mensageiro não é assim. Ele sabe perfeitamente a notícia que deve escolher e as razões porque o faz.Tal como também é perfeitamente notório que "quem passou a informação parcelar viu provavelmente mais cartas - mas não as citou; viu seguramente mais nomes - mas não os referiu. Porquê? Por saber que a melhor forma de desacreditar o processo é insistir na ideia de que ele não passa de uma cabala contra as mais insuspeitas figuras públicas - começando pelo Presidente da República - e contra o Partido Socialista, de que Jorge Sampaio e António Vitorino são dois ilustríssimos militantes."

Efectivamente os jornalistas têm perdido algum domínio sobre a informação que transmitem. Deixaram de decidir sobre o que é ou não importante, o que tem ou não interesse público, o que deve ou não ser conhecido. Puseram de lado essa função de escrutínio e escolha, essencial para a credibilidade da comunicação social junto do público, da vasta informação que recebem. Em vez disso, passaram a publicar tudo, a dar ouvidos a tudo, a veicular tudo. É claro que não existem aqui inocentes. As fontes servem-se da imprensa para realizar os seus interesses; e a imprensa serve-se das fontes para cativar o público. Mas, na ânsia de obterem mais informação, os jornalistas absorveram passivamente todos os factos, relevantes ou dispensáveis, que lhes foram chegando. Em muitos casos, limitaram-se a amplificar as intenções das fontes.

Pergunto:

1/ alguém acredita que, se não dessem nada em troca, os jornalistas teriam acesso a essas informações?

2/ devem os jornalistas, refugiando-se na liberdade de informação e direito a informar, continuar a violar a lei, chegando mesmo a publicar falsas notícias?

3/ não está na altura de travar o mau “jornalismo” que em nada dignifica a democracia e o próprio país?

A teoria da morte do mensageiro é uma falácia. O jornalista ao publicar uma notícia que sabe estar em segredo de justiça, mesmo que lhe tenha sido entregue numa bandeja, está a cometer um crime e, como qualquer vulgar cidadão, tem de ser punido. Ou tem mais direitos que o vulgar cidadão?

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Já sei como acaba a história... Os jornalistas foram à bruxa. A bruxa contou e os jornalistas contaram ao povinho. Não acredito em bruxas... que elas existem ,existem... Luisa Baião

segunda-feira, novembro 08, 2004  
Anonymous Anónimo said...

O estatuto de jornalista protege a sua fonte, o que está mal. Acho que é prejudicial para a investigação, no fundo, os jornalistas ao não denunciarem suas fontes deixarão de colaborar com a justiça, ao que todo o cidadão devia fazê-lo, por motivos éticos e outros. A justiça como valor SUPREMO de uma NAÇÃO devia estar acima do sigilo profissional de uma classe.

Amândio

segunda-feira, novembro 08, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Vá lá jornalistas, espero que tenham aprendido com os familiares da Joana, o silêncio é a alma do negocio.... vergonhoso e revoltante + nogento

segunda-feira, novembro 08, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Já comentei aqui, mas nunca é demais repetir, em Portugal ninguém respeita o segredo de justiça, aliás nem sei se sabem o que é isso. Vejam só o cúmulo, um dos arguidos escrever um livro a falar do caso. Isto nem no terceiro mundo. Portugal precisa de um internamento urgente, está em coma profundo em matéria de justiça. Nem o Ministério Público está em condições de atirar a primeira pedra...

terça-feira, novembro 09, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Meu Caro Carvalho Negro

Tenho estado arredado destas lides mas deparo-me com o seu post sobre o Mensageiro!

Não pretendo defender os jornalistas nem isentá-los de responsabilidade. Direi mesmo que se fica a dever a alguns deles, de par com o nosso amado MP, a ficção que é o chamado Processo Casa Pia!

A repetição até à exaustão de alguns conceitos, tais como «pedofilia», «crianças abusadas», «vítimas» e «testemunhas», etc, etc, fizeram desso processo aquilo que na verdade é: uma ficção em que só nela acreditam os ingénuos e os patetas!

«Crianças abusadas», as tais que, chavalos de menos de 18 anos para quem você, prezado Amigo, há dias reclamava a alteração da lei penal a propósito de crimes cometidos por um gang em que, pelo menos, um dos seus integrantes tinha 15 anos de idade!

Crianças para efeitos de pedofilia mas delinquentes para efeitos de imputabilidade penal. Percebe, não percebe?

É o que lhe recorda o seu amigo Indígena.

quarta-feira, novembro 10, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Meu Caro Carvalho Negro

Tenho estado arredado destas lides mas deparo-me com o seu post sobre o Mensageiro!

Não pretendo defender os jornalistas nem isentá-los de responsabilidade. Direi mesmo que se fica a dever a alguns deles, de par com o nosso amado MP, a ficção que é o chamado Processo Casa Pia!

A repetição até à exaustão de alguns conceitos, tais como «pedofilia», «crianças abusadas», «vítimas» e «testemunhas», etc, etc, fizeram desso processo aquilo que na verdade é: uma ficção em que só nela acreditam os ingénuos e os patetas!

«Crianças abusadas», as tais que, chavalos de menos de 18 anos para quem você, prezado Amigo, há dias reclamava a alteração da lei penal a propósito de crimes cometidos por um gang em que, pelo menos, um dos seus integrantes tinha 15 anos de idade!

Crianças para efeitos de pedofilia mas delinquentes para efeitos de imputabilidade penal. Percebe, não percebe?

É o que lhe recorda o seu amigo Indígena.

quarta-feira, novembro 10, 2004  
Anonymous Anónimo said...

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sábado, agosto 12, 2006  

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