O regresso das ratazanas embusteiras I
Os humanos deste lugar onde vivo, acordaram mais dispostos, com o que viram na horta familiar. As ratazanas vindas do rio que passa perto, destruiram tomateiros, meloal e rega. Como toupeira, penso que todos têm direito à vida, mas destruir é típico desta espécie de ratazanas, razão pela qual, outro dia, os homens que lá habitam, terem deixado à vontade, a cobra que abocanhara um daqueles roedores.
O vento continua forte e não é costume soprar assim, nesta altura do ano, tanto tempo seguido, disse o meu avô toupeira. Com o vento, os incêndios incontroláveis e com eles o reactivar do negócio dos fogos, que até já tem época de abertura, como a caça ou a época balnear. Já não se apagam fogos sem meios aéreos, situação que deve a um fulano chamado de vara, que com o apoio dos responsáveis da chamada protecção civil, na altura, recusaram a participação da Força Aérea, no combate aos fogos, o que permitiu há uns anos, que os Kits dos C 130, apodreçam numa base aérea deste sítio, o que será fácil de comprovar, mas que os cachorros adestrados e escribas do politicamente correcto, acharam por bem não divulgar, não fossem sair chamuscados.
Portanto o negócio continua imparável, apesar do grito reprimido todos os anos, da gente persistente do campo, já muito velha para continuar a labuta.
A muitos destes aguarda-os um lugar num lar, com velhos como eles, em salas de espera com cheiro a urina, ou com cheiro disfarçado, a olharem para o vazio e a dormitarem, à espera do sono definitivo, depois dos filhos venderem as terras, e com elas a dignidade destes homens e mulheres, que cada vez em menor número, persistem em não abandonar o amor à terra e ao cortiço.
Uma das perguntas, desta gente, que faz a chamada informação, é se sabem o prejuízo, e a resposta, ao ouvir, causa angústia, um nó na garganta e a lágrima tantas vezes reprimida, como a querer dizer, que parte da sua vida morria com as árvores que arderam, porque as plantaram e as viram crescer, e algumas, serviram de sombra nas brincadeiras da meninice. Mas esta gentalha pode entender isso? O valor, é apenas convertível em Euros, o sentimento não existe, o que é típico nesta gente já lobotomizada, pelo ensino instituído há 30 anos, pelos média e pelos novos secularistas evangélicos do politicamente correcto, no poder ou na sua babugem.
Assim vai este triste sítio, em que pior que os incêndios criminosos, é a impunidade, a demissão e o desprezo por tudo o que é verdadeiro e genuíno, interessando apenas, o poder do chamado existencialismo árido, sem esperança, como uma fémea infértil.
Da parte da população dos da minha espécie, as baixas são incontáveis, connosco e com todos os animais e sistemas de que dependemos, incluindo esse animal o maior predador de todos, o homem, que esquece a existência de um ser superior e decerto muito mais poderoso que ele, que pode ser o Deus de Espinosa ou outro Deus qualquer, que de repente, decide ser Deus de todos, menos dessa espécie demoníca...

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