terça-feira, agosto 18, 2009

18 de Agosto de 1850

Morre o romancista francês Balzac. Apesar das suas pretensões aristocráticas, Balzac é de família modesta. Educado num colégio de Vendôme, muda-se, ainda jovem, para Paris, onde leva, até aos trinta anos, uma vida singularmente aventurosa, cheia de jogos, de esforços em diversos sentidos e de empreendimentos fracassados. Alojado num desvão durante muitos anos, entre 1822 e 1828 acumula uma infinidade de volumes, a maioria sob pseudónimo, para os quais não encontra editor. Uma vontade menos sólida que a sua abandona, mas Balzac tem uma fé inquebrantável no seu próprio génio e persevera de modo infatigável. Por outro lado, tenta animosamente assegurar a sua independência por meio de especulações industriais. É editor, impressor, etc. Mas nenhuma das suas empresas triunfa, e só lhe deixam dívidas. Perante a falta de êxito volta com mais afinco à literatura.

Entre as primeiras obras que assina com o seu nome contam-se Pequenas Misérias da Vida Conjugal e Catarina de Médicis. Contudo, ainda não é conhecido como romancista quando aparece, em 1830, A Pele de Chagrém, romance de grande êxito. A partir deste momento, e graças a um trabalho encarniçado, a sua produção literária é de uma regularidade surpreendente. Sem ter em conta as classificações que adopta mais tarde, quando empreende o trabalho de ligar todas as partes da sua obra sob o título genérico de A Comédia Humana, entre os seus principais romances destacam-se: Um Episódio no Tempo do Terror, A Obra-Prima Desconhecida, O Coronel Chabert, O Médico de Aldeia, Eugénia Grandet, Séraphita, O Tio Goriot, Ilusões Perdidas, O Lírio no Vale, César Birotteau, Úrsula Mirouet, Um Caso Tenebroso, Esplendores e Misérias das Cortesãs, Modeste Mignon, O Primo Pons…

O momento mais glorioso da carreira de Balzac, que de certo modo marca o florescimento do seu génio, é a época em que publica os contos e romances que classifica posteriormente, na sua Comédia Humana, em Cenas da Vida Privada e Cenas da Vida de Província. As principais são A Mulher Abandonada, A Mulher de Trinta Anos, A Solteirona, etc.; e, em primeiro lugar, Eugénia Grandet.

Durante mais de quinze anos mantém uma correspondência apaixonada com Eveline Hanska, condessa polaca, com quem se casa pouco antes de morrer. A sua obra romanesca faz uma penetrante descrição da sociedade francesa surgida da Revolução de 1789, cujas principais características são os temas arquétipos de Balzac: o declínio da nobreza, a euforia da burguesia, a omnipotência do dinheiro e a ascensão social dos plebeus ambiciosos e sem escrúpulos num ambiente de individualismo feroz. O seu realismo romântico é a base da corrente realista da segunda metade do século xix em França. A sua intenção de delinear uma história total da sociedade influencia poderosamente Zola. O valor intrínseco da sua obra, a criação literária de tipos humanos, consolida-se, historicamente, como um dos momentos culminantes da história do romance.

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