segunda-feira, agosto 22, 2005

A esperança e o desespero

Os animais do sítio, os domesticados, morreram por estar presos no meio dos fogos das aldeias, deste sítio amaldiçoado pelos próprios humanos, desumanizados e desenraizados e sem valores, fruto da educação e da formação que lhes deram ao longo destes 30 anos de destruição de tudo.

A culpa existe, e deve ser apontada aos que depois do golpe de estado disseram que eram perseguidos e apareceram como sumo sacerdotes desta orgia a que alguns assistem impotentes e de olhar vago, à espera que o céu os salve a eles, e aos seus.

Os outros animais desapareceram no deserto deixado pelas chamas.

De Nietzsche, In A Genealogia da moral:

" O homem olhou com mau olhado por muito tempo as suas inclinações naturais e identificou-as com a «má consciência». Não é possível uma tentativa em sentido contrário; mas quem seria bastante forte para a compreender? O caso era identificar com a má consciência todas as inclinações antinaturais, todas as aspirações contrárias aos sentidos, aos instintos, à Natureza, ao animal. Em quem hoje pode fundar-se tais esperanças? Teria contra si todos os homens do bem e além disso os indiferentes, conciliadores, vaidosos, exaltados ou fatigados. Atrairia sobre si a inimizade de toda a gente. ( E, pelo contrário, que benevolência, que afecto nos demonstra o mundo quando operamos com ele!). ..

Este homem do futuro, que nos há-de libertar do ideal do presente e da sua natural consequência, o grande tédio, o niilismo, este sol do Meio-Dia e do grande juízo; este salvador da vontade, que há-de restituir ao mundo a sua fidelidade, e a sua esperança; este antiniilista, este vencedor do nada, é necessário que venha um dia..."

Este filósofo não pára de me surpreender, ao ouvir da boca do meu avô toupeira, apesar de debilitado e que o cita de cor.

Os humanos ainda terão salvação?

Mas não tem sido assim ao longo dos séculos?

As emoções e os afectos, com todo o seu cortejo de alegrias, tristezas, raivas e ódios, ainda existirão no mais recôndito sítio a que os humanos chamam de alma, por forma a que bem equilibrados, criem um homem melhor, e capaz de enfrentar os desafios dantescos que se avizinham e adivinham no horizonte?

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