Politiquices no combate a Incêndios

“Os kits MAFFS estão ainda guardados num armazém na Base Aérea do Montijo. A razão para o abandono da opção C-130/MAFFS deveu-se à opinião do Governo do Eng. António Guterres de que era incomportável o preço da hora de vôo destas aeronaves, sendo o "outsourcing" (ou seja, o aluguer de aeronaves a privados) mais barato.”

Carlos Gomes

É este tipo de contas de merceeiro que me assustam, se aplicadas à gestão de uma nação ou de um país.

Sai mais barato o aluguer, não se investe em meios próprios, como se o aluguer ao longo de todos estes anos não tivesse já sido compensado por um investimento inicial há 10 ou mais anos atrás, quando outros países europeus da orla mediterrânica enveredaram, e bem, por essa via.

Sai cara a operação dos C-130, mas não sairá mais caro o aluguer de meios anualmente?

Sai cara a operação de C-130, mas quanto e custou a aquisição de Kit MAFFS (que utiliza uma calda retardante) que agora apodrecem no Montijo?

Sai cara a operação de C-130, mas sem dúvida que saiu barata ao Estado a cedência de um C-130 marroquino em 2003 exactamente com o mesmo kit, para nos ajudar na desgraça.

Contas de merceeiro que parecem esquecer os custos incomensuráveis dos prejuízos materiais e ambientais de incêndios que lavram mais em Portugal que em qualquer outros país de clima semelhante ao nosso.

Porque em Portugal as contas de merceeiro dão sempre o mesmo resultado:

Reflecte-se, analiza-se, convocam-se encontros, congressos, simpósios colóquios, convidam-se especialistas disto e daquilo, pensadores e filósofos, e no fim, nada se faz.

Porque em Outubro chove, os incêndios desaparecem e todos ficam aliviados até que para o ano seguinte a tragédia se repita.