Reforma muçulmana.

"Quando Sir Iqbal Sacranie, chefe do Conselho Muçulmano Britânico, admitiu que "os nossos próprios filhos" foram responsáveis pelos atentados de 7 de Julho em Londres, foi a primeira vez, que eu me lembre, que um muçulmano britânico aceitou a responsabilidade da sua comunidade por ultrajes cometidos pelos seus membros. Em vez de culpar a política externa dos EUA ou a "islamofobia", Sacranie descreveu os atentados como "desafio profundo" à comunidade muçulmana. Mas foi ele que, em 1989, disse ser a "morte talvez demasiado fácil" para o autor de Os Versículos Satânicos. A decisão de Blair de armá-lo cavaleiro e tratá-lo como a face aceitável do islão "moderado" e "tradicional" ou é um sinal da tendência do seu Governo para a conciliação religiosa ou a demonstração das limitadas opções de Blair.

Duas semanas mais tarde, a sua organização boicotou uma cerimónia memorial do Holocausto em Londres, comemorativa da libertação de Auschiwtz há 60 anos. Se Iqbal é o melhor que Blair tem para oferecer como exemplo de bom muçulmano, estamos com um problema. Tal ilustra a fraqueza da estratégia do Governo Blair ao confiar nos tradicionais mas essencialmente ortodoxos muçulmanos para ajudar a erradicar o radicalismo islâmico."

Salman Rushdie

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