quarta-feira, agosto 17, 2005

Um País em Férias ?

Ontem gostei do 1º comentário de Miguel Sousa Tavares na TVI.

Referiu o comentador que as populações perante os incêndios deste verão parecem estar mais uma vez entregues a si próprias, tal como os bombeiros e forças do Exército, no terreno.

Enquanto isso, o Primeiro-Ministro acha que não é razão para interromper as suas prolongadas férias em África, nem razão para o Presidente reunir o Conselho de Estado para discutir a situação.

E isso pelo mesmo motivo:

Férias.

Mas que as interrompeu para uma inusitada condecoração com a Ordem da Liberdade aos 4 membros da banda pop U-2 que estiveram este fim-de-semana em Portugal para um concerto.

Um país em férias, durante a tristemente sealy-season de Agosto.

Uma saly-season que nos apresenta um incêndio incontrolável há 5 dias na Pampilhosa, e outros gravíssimos mais a norte, combatidos por bombeiros exaustos, com falta de coordenação, sem meios próprios de combate aéreo.

Neste caso, ao contrário de outros países com climas e manchas florestais semelhantes a Portugal, vêem-se aviões dos estados, cá vêem-se helis de pequeno e médio porte alugados, com baldes até 3.000 litros de água e alguns Canadair e Dromadair, enquanto ainda recentemente tivemos oportunidade de ver o combate que na Grécia se fez a propósito do fogo que esse seguiu à queda do avião cipriota.

Li viram-se 2 Canadair’s, propriedade do Estado helénico e um heli Air-Crane, com capacidade de 9.000 litros de água.

Na Itália foram recentemente comprados 5 helis desses, helis que também são espólio estatal de países como o Canadá, EUA, Austrália, México ou Colômbia.

Mas por cá, curiosamente e perante um país que tem um terço da área ardida do sul da Europa, parece que não precisamos disso para nada.

Ainda recentemente, uma delegação portuguesa que deslocou a França para assistir a uma demonstração desse Air-Crane achou que consomem demasiado combustível, pelo que não são aptos para Portugal.

Espanto!

Em Portugal adecuam-se os meios aéreos alugados de acordo com a velocidade de incêndios que lavram 5 ou mais dias, ardem casas e morrem pessoas, como se as lições trágicas do verão de 2003 para nada tivessem servido.

Fala-se agora da possibilidade dos Pumas da FAP que irão ser brevemente substituídos, poderem passar para o SNBPC.

Na Grécia, os mais de 10 Canadair do Estado são rentabilizados os meses de Inverno para patrulhamento e vigilância marítima.

Cá, os chorudos contratos de aluguer dão a ganhar às empresas e aos lobbies que têm sabido impedir que Portugal se dote de meios próprios para combate aos fogos.

E o pior:

Uma péssima ordenação do território, responsabilidade das Câmaras Municipais que autorizam construções isoladas no meio de manchas florestais pouco adecuadas.

Assim vai Portugal, no seu pior.

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