terça-feira, outubro 11, 2005

Cartão Amarelo

"Ao contrário de 2001, em 2005, com uma vitória ainda mais retumbante, o líder do PSD não convidou o líder do PS a tirar as devidas conclusões dos resultados das autárquicas, não apontou os seus próprios ganhos como uma expectativa “de mudança” no País e não se apresentou perante os portugueses como alternativa ao Governo.

Isso foi em 2001: a odisseia no pântano. Em 2005 há um passadiço para atravessar o pântano, a maioria absoluta do PS no Parlamento. E o PSD aprendeu algumas lições, a de não precipitar a tomada do poder e de não retirar ao PS o ónus de seguir s mesmas drásticas políticas impopulares que o próprio PSD seguiria, como aliás seguiu quando passou há bem pouco pelo governo.

De maneira que, no seio do imenso “centralão” que domina a política portuguesa, o discurso foi unânime, recusando tirar dos resultados das eleições autárquicas qualquer outra leitura que não seja a relativa à escolha dos eleitos locais. E sendo assim, desiludam-se os milhões de portugueses que no domingo votaram para sancionar o poder. Nem o PS vai mudar de políticas, porque sim, nem o PSD vai reclamar ao PS que mude, porque não.

Antes das eleições, a oposição bem pediu aos portugueses que mostrassem ao partido do Governo um “cartão amarelo”. O cartão foi mostrado mas, a partir de agora, os árbitros vão passar a fazer vista grossa. Embora continuem a apitar
em relação a questões de pormenor, particularmente as que dizem respeito à partilha do bolo."

João Paulo Guerra

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