sexta-feira, outubro 14, 2005

Desgaste» do Governo pode reflectir-se nas presidenciais
2005/10/14 07:23

in portugaldiario.iol.pt

Vice-presidente do PSD, Paula Teixeira da Cruz, sublinhou que partido está disponível «para apostar naqueles que têm o perfil adequado para ser o primeiro magistrado da nação»

O PSD considerou quinta-feira que o resultado das eleições autárquicas de domingo traduz uma avaliação de sete meses de governação, prevendo que o "desgaste" do Executivo "pode ter consequências a qualquer nível", incluindo nas eleições presidenciais de Janeiro.

"Esse desgaste pode ter consequências a qualquer nível", disse a vice-presidente do PSD Paula Teixeira da Cruz, que transmitiu, em conferência de imprensa, as conclusões da reunião do Conselho Nacional do PSD, que se reuniu quinta-feira à noite.

Remetendo a questão das presidenciais para um Conselho Nacional a ser convocado futuramente para esse efeito - Marques Mendes anunciou aos conselheiros uma reunião extraordinária deste órgão "para tratar das presidenciais" dentro de "alguns dias", segundo disse à Lusa fonte social-democrata -, Paula Teixeira da Cruz sublinhou que o PSD está disponível "para apostar naqueles que têm o perfil adequado para ser o primeiro magistrado da nação".

A título pessoal, acrescentou, o ex-primeiro-ministro Cavaco Silva é a personalidade que melhor se adequa "ao perfil" de um candidato social-democrata às eleições presidenciais do início do próximo ano.

Antes, a dirigente do PSD salientou que os sociais-democratas "excederam os objectivos que tinham traçado" para as eleições autárquicas de 09 de Outubro e recuperaram "o eleitorado urbano e jovem".

"Este maior número de votos não pode deixar de significar que há um reganhar de confiança no PSD", admitiu, sublinhando que tal se deve "à estratégia" definida pelo líder do partido, Marques Mendes.

Escusando-se a extrapolar a partir do veredicto dos eleitores no último domingo, Paula Teixeira da Cruz disse, ainda assim, que os números "traduziram uma avaliação daquilo que foram sete meses de governação".

A este respeito, a vice-presidente do PSD sublinhou que o governo "não mostra alternativas para as rupturas que está a fazer", apesar do clima de "pré-ruptura de diálogo social".

A recusa em extrair "ilações dos resultados" foi também expressa por Marques Mendes aos conselheiros nacionais que quinta- feira acorreram à sede nacional do PSD.

Na reunião, o líder social-democrata considerou que o Executivo "não tem uma saída clara para sair da crise", adoptou uma postura "arrogante e prepotente" e demonstrou "a tentação de controlar tudo".

Marques Mendes salientou, no entanto, a necessidade de o PSD "não criticar por criticar", uma atitude que disse não conduzir "a lado nenhum".

"Não somos governo, mas temos que ser sérios e credíveis", reforçou, defendendo que o PSD deve projectar a imagem de "um partido que se pauta por convicções".

Concluído o "ciclo das autárquicas", inicia-se agora "o das presidenciais", disse depois Marques Mendes.
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O meu comentário:

É evidente que o desgaste governamental é um factor que contribuiu para o descalabro nas eleições autárquicas.

Mas a natureza destas eleições é bem diferente de umas eleições presidenciais.

Se é um facto que a potencial candidatura de Cavaco Silva será apoiada principalmente pelo espectro político situado à direita, é igualmente um facto que Cavaco Silva tem sabido, habilmente demarcar-se da imagem que tem associada ao PSD e ao seu aparelho.

Se é certo que os analistas admitem que Cavaco possa captar votos à direita e ao centro-esquerda, também é certo que Manuel Alegre poderá na primeira volta das presideniais captar mais facilmente os votos à esquerda do PS que Mário Soares, não obstante o seu posicionamento político esteja hoje bem mais à esquerda que nos anos 80.

Não me parece que Cavaco, se se candidatar de facto tenha um verdadeiro passeio triunfal até Belém.

Nem me parece que o desgaste do actual Governo se reflicta nas presidenciais e num resultado final que poderá ditar a continuidade de um presidente de esquerda, se conseguida a 2ª volta.

Até lá, há que lutar sempre.

Quem poderá sair prejudicado será o candidato apoiado oficialmente pelo Partido Socialista, mas as sondagens têm até agora dado vantagem ao out-sider Manuel Alegre.

A ver vamos mas tudo indica, para já que não será fácil a Cavaco sair vencedor numa eventual segunda volta das presidenciais de Janeiro de 2006.

Por isso acharia mais prudente que a direita não começasse já a lançar os foguetes das presidenciais, foguetes que serem lançados lhes poderão rebentar nas mãos.

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