terça-feira, dezembro 27, 2005

A IMAGEM DA MARINHA EM PORTUGAL

Muito se tem falado da imagem que a instituição militar tem ou deveria ter junto da população portuguesa, agora que se entrou numa nova fase de orgânica das FA’s, dadas as reestruturações no seu funcionamento, redefinição do dispositivo territorial, redução de pessoal, e reequipamento das FA’s, extensível aos três ramos, e principalmente com o fim do Serviço Militar Obrigatório.

No caso concreto da Marinha de Guerra, apraz-me dizer o seguinte:

Creio que a imagem que a população portuguesa tem da Marinha não difere muito, infelizmente da imagem que tem dos outros ramos.

Um desinvestimento de 30 anos em termos de reequipamentos, de que as fragatas Meko-200 e os F-16 foram excepções, e uns certos traumas pós-coloniais que custam a apagar das mentalidades colectivas da população, quase contribuíram para um certo divórcio entre os portugueses e a Instituição Militar.

No caso concreto da Marinha, julgo que esse divórcio, e até desprezo é potenciado pelas dificuldades que a Marinha tem tido para operar em todo o imenso mar português (o maior da União Europeia, em termos de ZEE), com poucos recursos navais, e ainda por cima já envelhecidos.

As 3 Meko da classe Vasco da Gama não dão para tudo, nem mesmo contando cm o contributo das 2 fragatas da classe João Belo, e das remanescentes corvetas da Armada, igualmente ultrapassadas, e daí esse desprezo e desdém já que muitos olham para a Marinha atracada Alfeite, e não vêem mais que uma marinha algo envelhecida.

Também nos parece a todos algo estranho que se proceda ao abata consecutivo dos poucos meios navais que temos, nomeadamente as corvetas e os patrulhas Cacine, sem que os seus substitutos naturais – os NPO’s e as Lanchas de Fisacalização Costeira não estejam ainda construídas, e muito menos incorporadas no efectivo da Armada

Valham os recursos humanos que tudo têm feito para superar as dificuldades em termos técnicos.

O caso dos dois submarinos Daphné já muito velhos também não abona para uma boa imagem, e nem sei se será seguro mantê-los a navegar até virem os novos em 2009 e 2010.

Mas acredito que com novos equipamentos, com os novos patrulhões oceânicos, o previsto NavPol, e com as fragatas americanas da classe O.H.Perry (que considero não serem grande mais-valia, mas dados os constrangimentos financeiros, foi o que se pode arranjar), essa imagem possa mudar com o tempo, e quando se instituir na mentalidade colectiva que as FA's são para voluntários.

Quanto à vida útil da classe Vasco da Gama, não sei o que está previsto, mas dado que não se prevê que possam navegar muito para além de um horizonte de 15 anos, estará algo previsto ou em fase de negociação para uma futura marinha oceânica mais de acordo com os pergaminhos e necessidades efectivas do nosso país?

E o que está previsto em termos de poderio aero-naval para as Perry e para o futuro NavPol?

Virão hélis para a Marinha ou recorre-se aos da FAP?

Como tudo isto é confuso para quem está de fora, seria um bom contributo para que essa imagem mudasse, que os assuntos fossem mais abertamente discutidos (não na praça pública, como é óbvio) mas que houvesse da parte da Instituição e de quem a tutela uma melhor capacidade de comunicação com a população, e principalmente com o pequeno grupo de portugueses que gostam e admiram as nossas FA's, que devem por definição ser o garante da Segurança, Soberania e Independência da Nação Portuguesa.

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