Louçã - Soares.

"Mário Soares deu ontem uma lição política a Francisco Louçã naquele que foi um dos debates mais interessantes e mais próximos do modelo convencional. Soares evidenciou o “radicalismo” de Louçã sobre a ausência deste candidato no Parlamento durante uma visita do rei de Espanha a Portugal ou numa eventual deslocação com o Papa a Fátima e recomendou-lhe que não fosse “moralista em política”.

“O que não tive oportunidade de dizer nos debates direi na campanha”, afirmou o candidato apoiado pelo Bloco de Esquerda à saída do duelo, considerando que há muitos temas que são ainda importantes debater até às eleições de 22 de Janeiro."

CM

Soares trucidou Louçã começando por colocar a nu o radicalismo deste e aconselhar o líder bloquista a reservar as críticas ao Governo para o hemiciclo. Louçã ainda tentou colar o antigo presidente da República às políticas do Governo mas sem obter qualquer sucesso. Tratou-se da melhor prestação de Soares dos últimos tempos.

Sobre Louçã, o habitual radicalismo e as habituais contradições “à la carte” dominaram a sua prestação. Exemplos:

1/ "Não me curvo nem faço vénias a quem considera os outros como súbditos", justificação de Louçã por não ter recebido o rei Juan Carlos no Parlamento.

2/ “Se fosse Presidente da República, “não iria [como fez Jorge Sampaio] a Fátima com o Papa”

3/ Reconheceu que a polémica sobre a retirada dos crucifixos das escolas “foi uma questão muito exagerada” quando ele próprio tinha afirmado que esta "devia ter acontecido na tarde de 25 de Abril de 1974 ou, quando muito, no dia em que a constituição foi aprovada"( ler aqui).

Agradecido pela generosidade dessas apetitosas deixas, Soares, colocou a cereja em cima do bolo, afirmando que Louçã está em”fase de integração”.

À saída Louçã afirmou que “o que não tive oportunidade de dizer nos debates direi na campanha”. Quem estiver com atenção, reparará como este brilhante tribuno melhora quando não existe contraditório directo por parte dos alvos das suas críticas.