A política queima.

"A economista Teodora Cardoso acusa os ex-primeiros-ministros Cavaco Silva e António Guterres de "miopia governativa" por terem prosseguido políticas económicas sem "uma óptica de sustentabilidade", num texto elaborado para a candidatura presidencial de Mário Soares. No documento, intitulado "Cavaco Silva, a ciência económica e a política", datado de Dezembro de 2005 e hoje distribuído aos jornalistas pela candidatura de Mário Soares, Teodora Cardoso acusa ainda o ex-líder do PSD de ter utilizado "a política económica na conquista do poder", enquanto ministro das Finanças, em 1980.

No texto que escreveu para o Movimento de Apoio Soares à Presidência (MASP), Teodora Cardoso frisa a "mestria" de Cavaco Silva "em gerir os desfasamentos entre as medidas de política e os seus resultados", escolhendo o momento da " estabilização da economia", em 1985, "para voltar à política".

PD

É impressionante como a política transforma o ser humano. Trata-se de pura desonestidade intelectual. Escreveu Sousa Franco (ler aqui) que "a integração nas Comunidades Europeias contribuiu para a consolidação do processo democrático e propiciou o arranque das reformas estruturais necessárias à modernização da economia e à sua adaptação a um ambiente de concorrência global. A adesão à União Europeia representou uma clara escolha e um compromisso por uma sociedade aberta e democrática, baseada numa economia de mercado com elevado grau de solidariedade. Desde 1985 que se verifica em Portugal um progresso económico notável, marcado pelo aprofundamento da integração na economia internacional, pela abertura de alguns sectores mais protegidos e por avanços na transformação estrutural da economia e do sistema financeiro. Neste período, a economia portuguesa testemunhou uma rápida modernização e crescimento. O sucesso da integração reflecte o empenhamento de Portugal no futuro como parte integrante da União Europeia. Medido pelas paridades de poder de compra, o PIB per capita português aumentou de 54,3 por cento da média europeia, em 1985, para 68,4 por cento em 1998.

A ratificação do Tratado da União Europeia pela Assembleia da República, em 1992, empenhou Portugal, ao mais alto nível político, na adopção de políticas económicas consistentes com a criação da moeda única europeia. O objectivo de Portugal ser membro fundador da União Económica e Monetária consta do XIII Governo Constitucional. A integração na União Europeia foi não só uma oportunidade como um desafio para Portugal. Concretamente, constituiu uma oportunidade de modernização da estrutura industrial e permitiu a liberalização e a abertura da economia. Tornou também disponível um grande número de programas comunitários de apoio que aceleraram o investimento em infra-estruturas públicas e permitiram uma melhoria significativa na formação de capital humano.

Igualmente importante, foi a percepção mais favorável dos investidores estrangeiros sobre as perspectivas de investimento em Portugal. O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) serviu para reestruturar e modernizar a capacidade produtiva, fortalecer a competitividade internacional e estimular as capacidades empresariais locais... A estrutura do emprego modificou-se, diminuindo nos sectores de menor produtividade e aumentando nos sectores e indústrias de maior produtividade. "

E assim se queima uma reputação...