Envelope 9

"A aparatosa invasão das instalações de um jornal veio revelar que subsiste, entre a PGR e o país, um mal-entendido que era razoável julgar sanado. Ou seja, os muitos críticos e os porventura alguns apoiantes da PGR nesta matéria gostariam de saber como é que foi possível existirem num processo, que já não estava em segredo de justiça, listagens de tráfego telefónico dos titulares de altos cargos públicos (todos eles abrangidos pela "conta Estado" da PT), assim escancaradas à curiosidade de qualquer um. Por seu lado, o PGR, desde as portas de Belém e da comissão parlamentar até agora, tem perfilhado o entendimento de que o que importa apurar é como é que um ou mais jornalistas tiveram acesso às referidas listas."

DN

Jorge van Krieken, jornalista conhecido por defender veemente Carlos Cruz num ‘site’ da Internet, aonde divulgou – e continua a fazê-lo – os nomes verdadeiros das vítimas de abusos da Casa Pia, violando, assim, um despacho do Tribunal. No site www.reporterx.net, Van Krieken assina vários textos, sugerindo que algumas das testemunhas contra Carlos Cruz terão sido pagas para mentir. Em Carlos Cruz: uma história mal contada, identifica seis testemunhas com nomes reais, adiantando que três rapazes terão recebido dinheiro para o culpabilizar, informação revelada, na versão de Van Krieken, pela mãe de um deles. Contactado pela VISÃO, Jorge Van Krieken diz ter agido em consciência. «Desconhecia que um deles era menor, caso contrário não teria publicado o nome. Em relação aos outros, não vejo qualquer inconveniente em fazê-lo, alguns deles são criminosos e estão envolvidos no tráfico de menores, e são pessoas adultas e conscientes», frisou Van Krieken. O 24Horas, é um jornal que se tem destacado na defesa ostensiva dos arguidos da Casa Pia, nomeadamente de Carlos Cruz.

Efectivamente o Envelope 9 é mais complexo do que nos querem fazer acreditar. Por isso, este processo vai mais além do que as referidas listagens. Se a comunicação social está de facto interessada em transmitir a verdade, tem de fazer mais do que defender cegamente a sua corporação.