terça-feira, junho 12, 2007

12 de Junho de 1942


Annelise Frank recebe o diário que a tornaria famosa.

"Espero contar tudo a você, como nunca contei a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda"
De Anne para seu diário, que carinhosamente chamava de Kitty.

Em 12 de junho de 1942, Annelise Frank completava 13 anos, foi quando ganhou um caderno diário, que infelizmente serviria como pano de fundo de um dos períodos mais cruéis da história da humanidade, que ficou claramente descrito em suas anotações, feitas em pouco mais de 2 anos, onde esteve confinada no esconderijo chamado de ANEXO SECRETO. Anne registrou de maneira admirável a catástrofe que foi a Segunda Guerra Mundial, deixando-nos comovidos ao ler, descobrindo que em meio à todo aquele horror peculiar de uma guerra, existisse ali, uma menina comum, com sonhos e conflitos inerentes a uma adolescente. Percebe-se o quanto de "gente grande" ela somava, diante das frases e parágrafos impressionantes e dramáticos que escrevia. Em certas páginas deixa transparecer nitidamente as descobertas e sensações no desabrochar de sua sexualidade, vivendo um breve idílio com Peter, um garoto que também escondia-se no anexo.


O Anexo foi o grande palco onde Anne Frank representou os últimos 2 anos de sua vida, vivendo-os intensamente, acreditando que o mundo, um dia, seria melhor. Que a crueldade desapareceria e a paz e tranqüilidade pudessem reinar quase que absolutas.
Alguns tempo depois, de se ver confinada, sem liberdade, Anne, indignada, escreveu as seguintes palavras:
"Não poder sair me deixa mais chateada do que posso dizer, e me sinto aterrorizada com a possibilidade de nosso esconderijo ser descoberto e sermos mortos a tiros. Esta, claro, é uma perspectiva muito desanimadora".

Anne protagonizou um episódio triste, lamentável e trágico, que teve em seu epílogo a prisão dela e dos outros membros do anexo, dando-nos a nítida sensação de nadar, nadar e morrer na praia.E assim, o destino se cumpriu em uma manhã, do dia 4 de agosto de 1944, onde foram levados para uma prisão em Amsterdã, ficando ali até o dia 8, quando foram transferidos para Westerbork, campo de triagem para judeus, no norte da Holanda. Em 3 de setembro do mesmo ano foram deportados no último trem que partiu de Westerbork para Auschwitz (Polônia).Anne e Margot, sua irmã, foram separadas dos pais e transferidas para o campo de concentração, perto de Hannover, onde morreriam respectivamente, no fim de fevereiro e começo de março de 1945, vítimas de uma epidemia de tifo que matou milhares de prisioneiros que viviam no local. Seus corpos, provavelmente, foram enterrados em valas comuns, ironicamente no campo que seria libertado por tropas inglesas um mês depois, em 12 de abril de 1945.


A mãe de Anne morreria em Auschwitz, em janeiro do mesmo ano, vítima de fome e exaustão.

Fica claro, que podemos dizer que ninguém morre antes da hora, pois Otto Frank saiu ileso de Auschwitz, libertado pelo exército russo em janeiro de 1945. Sendo então repatriado para Amsterdã, ficando até 1953, quando mudou-se para a Basiléia (Suíça) - onde casou novamente. Otto dedicou-se a espalhar pelo mundo as mensagens contidas no diário de sua filha, falecendo em agosto de 1980. Os outros, que compunham a família do anexo, também foram abatidos no campo de concentração, sendo que o pai de Peter morreria na câmara de gás, que logo mais seria desativada. Se estivesse viva, nossa heroína teria 72 anos, e com certeza, teria nos presenteado com muitos romances e histórias, povoada com todos os sonhos que guardava dentro de si. Talvez trazendo nas entrelinhas, marcas profundas deixadas pelos algozes da escuridão que "bordaram" a Segunda Grande Guerra Mundial.

Anne tornou-se universal e atemporal, pois o exemplo que deixou abrange todos os povos, religiões e momentos históricos. Porque retrata de modo inconfundível, toda desgraça, angústias e medos, sentimentos que o ser humano experimenta em sua passagem pela terra, e que sempre se farão presente em todos os momentos, cabendo a nós mesmos controlá-los para não morrermos de overdose.

Por: Lucia Helena O. Cavichioli

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