domingo, junho 18, 2006

Os incompreensíveis números da Anacom.

"A entidade reguladora das telecomunicações em Portugal prevê, no seu plano de actividade trienal, arrecadar 177 milhões de euros em receitas.

Este valor fica acima dos 167 milhões de euros de EBITDA que a Sonaecom obteve em 2005, uma quebra de 12,1% face a 2004 que se ficou a dever a taxas de terminação móvel mais baixas impostas pela...Anacom. Do bolo das receitas previstas para os próximos três anos da entidade reguladora, 85% vem dos operadores móveis – TMN, Vodafone e Optimus – só em taxas de espectro, o que dá cerca de 50 milhões de euros por ano. Os números são impressionantes. Mas não só na componente das receitas. As despesas, por exemplo, horrorizam quem com atenção olha para o plano de actividade. Os custos com pessoal vão ascender aos 76 milhões de euros em três anos. Ou seja, uma média de 25,36 milhões de euros ao ano. Se adicionarmos a esta conta o facto da Anacom ter apenas 214 funcionários, verificamos que cada um deles recebe, em média, 118 mil euros! Ou seja, 8.464 euros por cada um dos 14 meses a que tem direito. É verdade que o espectro é um bem público e que deve ser rentabilizado em favor do Estado. Mas é muito difícil compreender o esforço financeiro que algumas operadoras têm de fazer para alimentar um sorvedouro desta dimensão, que prevê acabar o ano com meros lucros de 500 mil euros.

O IMPORTANTE É O QUE NÃO SE DIZ

Cavaco Silva chegou ao Palácio de Belém precisamente há cem dias. Pouco antes, em plena campanha eleitoral, os socialistas diziam que Cavaco era um perigo. Apontavam a instabilidade previsível, lembravam o “economicismo” e os últimos dias em S. Bento, para concluir que Cavaco não servia. Hoje, passada a tal centena de dias, os socialistas dizem-se em paz com o Presidente eleito. Ouvem-se elogios públicos a uma agenda comum, desvalorizam-se os problemas - poucos, para já - do veto à lei da paridade ou os avisos à necessidade de diálogo entre o ministro da Agricultura e a CAP. Tudo serve para falar de cooperação estratégica, a expressão que Cavaco lançou para o ar e que o Governo apanhou, com o máximo de cuidados.
Na campanha, valia apenas o silêncio de José Sócrates, um primeiro-ministro consciente dos tempos que viriam. Foi esse silêncio, essa cautela, que permitiram uma coabitação pacífica entre Belém e S. Bento. E continua a ser o silêncio - mas, agora, o de Cavaco - a assegurar que essa colaboração continuará assim. Dir-se-à que o Presidente não se tem coibido de falar da governação, nem sequer de vetar uma lei do PS. Certo. Mas ainda ninguém lhe ouviu palavra sobre os temas que realmente importam. Quantos 100 dias faltarão?

JUROS A SUBIR POR TODO O LADO

“As taxas de juro estão ainda muito baixas”. A frase é do Banco Central Europeu sinalizando aquilo que todos antecipam há muito. Os juros vão continuar a subir na zona euro até ao final do ano, devendo atingir os 3,25% face aos actuais 2,75%. Até aqui nada de novo, somente a confirmação de uma tendência. Contudo, na economia mundial, a política monetária está a mudar. Há uma sincronização no sentido da subida, o que não acontecia há muito tempo. Nos Estados Unidos, Ben Bernanke, actual líder da Reserva Federal, já sinalizou que vai continuar a subir os juros. E no Japão, as autoridades monetárias preparam-se para adoptar uma política monetária menos acomodatícia. Perante isto, os analistas começam a antecipar um possível arrefecimento da actividade económica global, dado que o aperto nos juros vai retirar liquidez à economia, afectando níveis de consumo e investimento nos principais blocos económicos. A razão para esta subida nas taxas é o pesadelo dos banqueiros centrais: a inflação. Tanto na Europa como nos Estados Unidos, a subida dos preços está a acima do considerado aceitável pelos responsáveis pela política monetária, principalmente devido à escalada nos preços energéticos. No Japão, depois de anos de deflação, “saúda-se” a vinda da inflação
. "

Ricardo Domingos com David Dinis e Bruno Proença

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

1)Mais um escandalo das sanguessugas da nossa sociedade.Imagina-se o regabofe de dirigir a Anacom..2)Só já faltam 1800 dias.Quando é o ano da Pitonisa? 3)Já viram que o imobiliários aumnet a dois digitos em toda a Europa (excepto Portugal)?Que em Espanha 40% das casas são compradas para especulação?Esta "bolha" vai dar um grande estoiro ..

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Cavaco é hoje "o Presidente de todos os Portugueses" ? Mas como ? Foi eleito com 100% dos votos ? Deixe lá o PR conhecer os cantos ao palácio pois nestes primeiros 100 dias pouco mais fez que umas saídas. Tenha calma e mantenha-se aí por Oxford. Deixe baixar a poeira e vai ver !!!

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Esta gentinha pensa que o Presidente da República é para trabalhar (naquele sentido de governar, entenda-se)mas estão enganados. Ele deve vigiar e quanto mais quietinho estiver melhor, é sinal que o Governo está bem, e só um cego ou quem não quer ver, verificará que o Engº Sócrates não está a governar bem, ou acham que o Presidente, caso não fosse assim, não o tinha já advertido? Abram os olhos!

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Quando leio estes comentários, fico apreensivo! Será que ninguém presta, no vosso entender, para exercer tal cargo? É votar num que satisfaça a todos, que eu também fico contente. O PR não governa e quando este for embora, deve vir outro, que secalhar também ficamos na mesma? Se ele fizer uma boa arbitragem já não é nada mau.

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Calma pessoal! A procissão ainda não saíu do adro. Só passaram 3 meses e o Presidente já apareceu duas vezes, em público, a apoiar a CAP contra o ministro da Agricultura e com o antigo ministro da pasta atrás, isto é, o autor da Portaria da polémica. Admitamos que o ministro foi excessivo e desajeitado, mas tem todo o direito de mudar de política se assim o entender. A CAP acha-se no direito de mandar no Ministério da Agricultura como sempre fez, mas Cavaco tem obrigação de saber que há muito mais mundo agrícola para além da CAP. Este ministro tem o grande mérito de definir com coragem uma política agrícola para Portugal: Vinha, olival e hortofrutículas. Portanto, olhem para a casa civil do presidente e sejam prudentes nas precoces apreciações.

domingo, junho 18, 2006  

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