sexta-feira, junho 30, 2006

Vida parlamentar.

"Ao ouvir ontem a exaustiva (e exaustante) interpelação ao Governo, senti alguma nostalgia dos acalorados debates parlamentares que acompanhei noutras legislaturas. Tanto o Executivo como as bancadas da oposição pareciam só estar ali para cumprir agenda. Trocaram-se umas acusações em nome de divergências políticas e do sacrossanto "direito à saúde", cada vez mais maltratado, mas a convicção com que se debatia era pouca ou nenhuma. Quem mais se aproximou do registo clássico, curiosamente, acabou por ser o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, que saltou em ajuda do seu colega da Saúde, com referências a Mozart e ao Padre António Vieira.

Algum verniz cultural destinado a disfarçar a debilidade argumentativa de Correia de Campos. Impossível de disfarçar é o carácter entorpecente deste figurino de interpelações, que devia ser alterado com urgência. Nos tempos que correm, ninguém tem paciência para enfrentar três horas de debate monotemático. Ontem, decorridas duas horas, restavam nas bancadas 36 deputados do PS, 21 do PSD, nove do CDS, seis do PCP, três do BE e um do PEV - menos de um terço do total. Marques Mendes, o autoproclamado "líder da oposição", nem apareceu. E não havia sequer a desculpa do futebol
..."

Pedro Correia

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