quarta-feira, julho 12, 2006

Shine on you crazy diamond.

"Syd Barrett faleceu na passada sexta-feira alegadamente devido a problemas de diabetes. Tinha 60 anos. A notícia só ontem foi divulgada.

O seu contributo para a música das últimas décadas lembra um cometa passou rápido mas deixou um rasto de luz.

Em 1965, Barrett fundou os Pink Floyd - acredita-se, aliás, que foi ele quem deu o nome à banda. Escreveu o primeiro single - "Arnold Layne" - e compôs grande parte das peças de "The Piper at the gates of dawn", o álbum de estreia.

Pouco tempo depois, em 1968, ainda contribuiu para "A saucerful of secrets" mas não demorou a abandonar a banda. Motivo? Loucura.

Génio, lunático, visionário, alucinado, problemático e inadaptado social Syd Barrett foi tudo isto e muito mais. O músico magro, cabelo desalinhado, olhos enormes, pegou no espírito de improvisação do free jazz e partiu para explorações psicadélicas, delírios de sons espaciais ou peças num formato mais pastoral que se diluía numa pop ácida.

Foi da sua mente que nasceram algumas das obras mais impressionantes e ousadas de toda a carreira dos Pink Floyd "Astronomy Domine", "Flaming", "Interstellar Overdrive", "See Emily Play" são alguns dos exemplos.

Mas cedo se constatou que o planeta - este planeta - era demasiado pequeno para a sede de infinito que efervescia na mente de Barrett.

E, como tal, não demorou a afundar-se numa espiral de abuso de drogas com particular destaque para o LSD. A tendência para consumir acido lisérgico afigurou-se-lhe como um escape. E, eventualmente, como um combustível criativo. Tal como muitos outros artistas da segunda metade da década de 60, Syd Barrett acreditava que a acção da substância sobre os sistemas neurotransmissores lhe possibilitava uma maior amplitude sensorial rumo a visões e experiências místicas. Levitou no início. Mas afundou-se pouco depois.

A certa altura, Syd Barrett já não conseguia tocar nos concertos. Tinha passado para o outro lado. A cabeça perdera-se no espaço sideral. Estava de tal forma alheado da realidade que raramente conseguia tocar guitarra em palco. Deambulava em cena, olhos esbugalhados de espanto pelas visões coloridas das suas alucinações .

Terá sido nessa altura que Roger Waters chamou para a banda o guitarrista David Gilmour - amigo de infância de Barrett.

Cada vez mais isolado no casulo das suas viagens privadas, Barrett não demorou a abandonar a banda, eclipsando-se em parte incerta. Os seus companheiros acreditam, ainda hoje, que o artista não suportava a pressão da fama e que era incapaz de viver com muita atenção projectada sobre si. Não mais voltou aos Pink Floyd.

Ainda gravou, pouco depois, "The Madcap Laughs" e "Barrett", dois álbuns a solo com ajuda dos seus antigos companheiros. Mas foi depois disso que Barrett sumiu, durante vários anos, sem que ninguém desse como certo o seu paradeiro. Tal ocultamento deu azo a uma aura de mistério e a vários mitos. Soube-se, anos volvidos, que, afinal, o músico vivia recolhido em casa da sua família entregue à pintura dos seus quadros e à escrita de livros. Pelo meio, uma parte considerável dos fãs dos Pink Floyd sempre defendeu a "fase Barrett" como o período mais criativo de toda a carreira da banda britânica.

Syd Barrett, sobre quem se canta em "Shine on you crazy diamond", faleceu. O diamante brilha na mesma. Como o sol. "

JN

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

mais informações na blitz de setembro de 2007, relativamente á banda, aconselho!!

quarta-feira, maio 21, 2008  

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