sexta-feira, agosto 25, 2006

25 de Agosto de 1988.


Entre as 4h e 30m e as 4h e 45m da manhã, na secção de perfumaria e «lingerie», nos Históricos Armazéns Grandella, começava o incêndio. O alarme só foi dado às 5h e 19m, devido à falha dos telefones e do alarme de incêndio.

Ao fim da manhã ainda ninguém sabia quando estariam controladas as chamas que teimavam em aniquilar edifícios inteiros. Só às 15h foi anunciado que o fogo se encontrava dominado, quando já tinham ardido quatro quarteirões. Entre este anúncio e o de que o fogo estava verdadeiramente extinto, muito tempo passou. O rescaldo só terminou dez dias depois.

Com cerca de 80 milhões de contos de prejuízo contabilizados pelos comerciantes, com 18 edifícios destruídos pelas chamas e, sobretudo, após a contabilização de feridos e dos dois mortos, importava decidir o que fazer.

Ainda no dia 25, o então Presidente da Câmara de Lisboa, Kruz Abecassis, criava o Gabinete de Recuperação do Chiado (GRC) e escolhia Pessanha Viegas para o dirigir. O Gabinete contava com os apoios concedidos através do Fundo Extraordinário de Ajuda à Reconstrução do Chiado (FEARC), uma verba de cerca de 5 milhões de contos.

Por outro lado, Siza Viera era escolhido para a tarefa árdua de pensar a reconstrução. Essa missão pressupunha, também, inverter a decadência em que caía aquele espaço de Lisboa. Renovar era o lema. Em competição directa estavam espaços já servidos pelo metro.

Por outro lado, a Baixa já não atraia os lisboetas como antigamente e, por conseguinte, o seu prolongamento, o Chiado, contava cada vez menos com os antigos visitantes.

A 20 de Abril de 1990, Siza Vieira entrega o plano de pormenor de recuperação. As obras só começariam três anos depois do incêndio. Para evitar negócios obscuros e especulações, a Câmara Municipal de Lisboa e os senhorios estabeleceram um «acordo de cavalheiros». As «rendas» não subiriam de uma forma descontrolada. Este acordo, no entanto, acabou por se mostrar ineficaz.

Quanto ao projecto de arquitectura, Siza Vieira optou por refazer o traçado pombalino. Nos edifícios, foi reservado um espaço para piso técnico, o andar térreo para as lojas, o primeiro para escritórios e o último para habitação. Quanto ao último piso, a discrepância entre os valores acordados e o que se acabou por verificar é por demais evidente. O preço por metro quadrado acabou por subir de tal forma que a classe média acabou por ficar arredada daquele espaço.

Do incêndio resultaram dois mortos e setenta e três feridos: 60 bombeiros, três polícias e dez moradores. Ficaram destruídos dezoito edifícios e os moradores e trabalhadores daquele espaço histórico viram interrompida, de uma forma abrupta, toda uma vida.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O quanto eu gostava do Chiado.

quarta-feira, agosto 25, 2004  

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