sexta-feira, agosto 25, 2006

Só nos gozam.

"Depois de um dia de trabalho nas obras de construção para erguer o novo cinema Alvalade, em Lisboa, Isidoro Tavares, de 50 anos, regressa à sua casa na Azinhaga dos Besouros, no concelho da Amadora, e não a encontra. No lugar daquele que foi o seu lar nos últimos dez anos resta apenas um monte de escombros. A Câmara da Amadora deitou-lhe a casa abaixo sem lhe dar qualquer aviso. E o mesmo sucedeu com outras famílias, ontem e na quarta-feira."
Como não foram avisados? Já em janeiro dispararam contra a polícia (ler aqui) que asseguraram a demolição de mais cinco barracas no bairro da Azinhaga dos Besouros. Ao tempo que andam a demolir as barracas. Até já houve quem lá fosse construir recentemente uma barraquita a correr para sacar uma casita nova. A imagem do imigrante trabalhor espoliado já não pega.

Repare-se bem: "no Município da Amadora o universo a realojar, no âmbito do Programa Especial de Realojamento - PER, é de cerca de 21 mil pessoas recenseadas o que corresponde a 6 192 fogos, estimando-se em 10 mil os fogos necessários para o realojamento, na medida em que bairros como a Cova da Moura não foram considerados no recenseamento.

O empreendimento do Casal da Boba, na Freguesia de São Brás, constitui um novo conceito de realojamento, onde a qualidade de vida está em primeiro plano. O objectivo da Câmara Municipal consistiu em criar uma urbanização com um conjunto de equipamentos culturais e desportivos, escolares, zonas de comércio, serviços e lazer, entre outros, dentro ou nas suas imediações. Por outro lado, a política definida engloba o realojamento de várias camadas da população na mesma zona: agregados familiares oriundos de bairros degradados (Bairro das Fontainhas, Alto dos Trigueiros, Bairro Azul, Portas de Benfica, Casal e Caminho de Alfornelos), jovens e jovens casais e funcionários autárquicos, evitando os realojamentos maçiços.

Assim, dos 700 fogos do empreendimento, 404 destinam-se a realojamentos, estando em curso o processo de entrega das chaves, e 266 para venda a custos controlados.

Os fogos adquiridos pela CMA (670) no Empreendimento do Casal da Boba representam um investimento municipal de 4.934.819.239$00. A área adquirida pela CMA teve um custo de 738.745.193$00
(ler aqui)

"Moro aqui há dez anos e agora dizem que não tenho direito a nada", queixa-se Isidoro Tavares. "Vou pedir a um amigo se me deixa lá passar a noite", disse ao DN. Segundo explicou, hoje vai ter de "faltar ao trabalho para ir procurar uma casa. A casa arranja-se, é preciso é ter dinheiro suficiente para pagar a renda, o que não é fácil"."

É verdade. A história de chamarem o resto da família a correr para todos ganharem casa já não pega apesar do esforço dos habituais (ler aqui).

"De acordo com o recenseamento efectuado, o Município da Amadora possuía 34 núcleos de habitação degradada, dispersos por várias Freguesias, num total de 4.908 barracas. Viviam nesta situação 6 192 famílias, num total de 21 515 pessoas, contudo estes números estão aquém da realidade. Actualmente, estima-se em 10 mil o número de fogos necessários para efectuar todos os realojamentos, pois nem todos os bairros foram considerados na adesão ao PER."

21 515 realojados à conta dos contribuintes "pacóvios" que levam uma vida inteira a pagar o empréstimo do banco contraído para pagar uma modesta casita. Afinal portugal é mesmo um país racista.

"Morei aqui até há seis meses, mas deitaram-me a casa abaixo e tive de ir viver para uma casa de renda em Sapadores, que custa 50 contos (250 euros) por mês", revelou Catarina Carvalho"

Sapadores é no centro de Lisboa. Também nós gostávamos imenso de morar no centro de Lisboa. E a pagar 50 contos ...

"Outro morador recorda ao DN que na quarta-feira de manhã, "pelas 10.00, os polícias chegaram a uma casa e obrigaram a saír o rapaz que lá mora. Ele disse que não queria saír e os polícias algemaram-lhe as mãos e levaram-no para a esquadra. Voltou de lá com a cara partida".

De cara partida? Em coma profunda, em coma profunda...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Com dinheiro dos outros também eu faço flores.

sexta-feira, agosto 25, 2006  

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